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É possível falar bem de si sem arrogância? Abílio e outros respondem

Alguns dias atrás, conversava com um amigo que deixou sua carreira longeva em um banco internacional para trás e abraçou a a vida empreendedora, abrindo uma administradora de recursos financeiros – e, em poucas semanas de trabalho, amealhou uma carteira de alguns bilhões de reais para gerenciar. Esse amigo é muito discreto, tanto na atitude como no vestir. Em um encontro social, pouco se escuta a sua voz. Mas, toda a vez que se manifesta é para dizer algo importante.

A sua discrição, no entanto, o impede de praticar um dos esportes mais populares da vida corporativa: falar bem de si mesmo. Ele simplesmente trava quando precisa se autoelogiar, algo que os empreendedores têm de fazer de vez em quando. A situação de meu amigo acendeu um sinal de alerta em mim: será que eu também tenho o mesmo problema?

A resposta é afirmativa. Tenho uma dificuldade imensa em falar bem de mim mesmo e um receio gigantesco de passar por uma pessoa arrogante ou cabotina. Diante disse, tratei de matutar: é possível falar bem de si mesmo sem parecer arrogante?

Confesso que não cheguei a uma conclusão. E procurei algumas pessoas que entendem de sucesso ou de comunicação para clarear as minhas ideias.

Comecei por Abilio Diniz, dono de uma das maiores carreiras do mundo empresarial e, hoje, um dos grandes acionistas do grupo Carrefour. O que ele acha?

Essa é uma questão delicada. Isso é julgamento. E é um julgamento que deve ser feito por outras pessoas, que não nós. Eu acho difícil encontrar uma maneira de falarmos bem de nós mesmos, a não ser que você diga generalidades. Eu sempre fui uma pessoa do bem. Por mais agressivo que eu tenha sido, principalmente em outras épocas, eu sempre fui uma pessoa do bem. Sempre procurei seguir uma linha, uma correção que meu pai me ensinou: honestidade e ética. Sempre procurei seguir isso. E também com aquilo que minha mãe me apresentou – o caminho de Deus. Eu sempre procurei seguir a vida pensando assim: “Deus está lá em cima, está vendo o que estou fazendo”. Isso me dá a linha de agir assim corretamente. Para falar de coisas assim genéricas, tudo bem. Mas, para falar de alguma coisa específica, não sei.  O julgamento tem de ser feito por outras pessoas que não nós mesmos.

Bem, Abilio acha que não é válido falarmos bem de nós mesmos. E o que tem a dizer Maurilio Biagi, um dos maiores nomes do setor bioenergético do Brasil?

Talvez uma forma de encaminhar esse assunto seja assim: “Entre as coisas que eu tive a oportunidade ou o privilégio de realizar estão tais e tais coisas, que acabei conduzindo de tal e tal forma.” Assim fala-se das coisas que se fez (algo concreto) e não de si (uma opinião). No meu caso, sempre deixo claro que eu não fiz nada… Tudo aconteceu em função de ter gente mais competente do que eu trabalhando ao meu lado.

Maurílio chama atenção pela humildade. Mas temos de reconhecer, sempre, o tamanho de sua estatura empresarial e seu papel no desenvolvimento do setor de agronegócios no Brasil.

Pedi também ajuda a Ricardo Lordes, fundador da Agência Pátria, para saber o que pensava a respeito da minha dúvida: como falar bem de si sem parecer arrogante?

– Falo bem menos de mim do que seria preciso, justamente por ainda não ter encontrado uma fórmula ideal para isso. Como se sabe, não temos uma segunda chance de causar uma boa impressão. Acho que a pior primeira impressão possível, se falarmos bem de nós mesmos, é a da arrogância. Então, prefiro ser um pouco mais modesto do que poderia a ser um pouco menos do que deveria. Na prática, espero que perguntem e procuro responder de modo breve e substantivo. Se a pessoa demonstra interesse, aí discorro um pouco mais. Mas pouco. Esse é um dos famosos casos em que menos é mais.

Aproveitei para formular a mesma pergunta para Nizan Guanaes, uma das mentes mais criativas do país. Normalmente, ele gosta falar muito. Mas, neste caso, foi econômico e direto.

É simples: seja empático.

Atrás dessa economia de palavras, há uma sabedoria acumulada desde o início de sua carreira, ainda nos anos 1980. Nizan passou boa parte da vida falando bem de produtos, empresas e até políticos. Por isso, seu raciocínio faz sentido: fale bem de você através das qualidades de seu interlocutor. Deste jeito, a conexão criada através do diálogo ganha uma força excepcional.

Como se pode ver, esse é um assunto que gera opiniões bem diferentes umas das outras. Por isso mesmo, a dúvida persiste: como podemos evitar a percepção de arrogância quando temos de falar bem de nós mesmos? Tentarei encontrar um caminho próprio e desafiar a minha modéstia. Por quê? Trata-se de uma necessidade da vida moderna. Enquanto exercemos nosso comedimento, os concorrentes estão despudoradamente falando bem de si mesmos nas redes sociais, sem se preocupar com o que os outros vão pensar.

Será que eles é que estão com a razão?

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