Nos últimos dias (texto publicado em julho de 2023), a imprensa usou uma expressão há muito esquecida: OVNI (objeto voador não identificado). Os Estados Unidos informaram que abateram alguns deles e a China também disse que mandou sua força aérea perseguir uma dessas aparições. Discos voadores e extraterrestres, no entanto, não foram avistados. Balões atmosféricos – ou artefatos de espionagem disfarçados dessa foram – foram alvo da movimentação dos aviões americanos de caça.
Voltemos ao passado para discutir dois episódios envolvendo OVNIs, em 1947 e 1952, quando o mundo inteiro vivia sob o frenesi de avistamentos daquilo que os americanos chamam de UFOs (unidentified flying objects).
O primeiro é manjadíssimo – aquela história segundo a qual um disco voador caiu (ou foi abatido) na cidade de Roswell, no Novo México. Múltiplas teorias da conspiração surgiram ao longo dos anos, incluindo um livro que falava de tripulantes extraterrestres e um vídeo no qual uma autópsia de um pretenso ET era apresentada. A versão oficial? Um balão meteorológico (ôpa!) caiu nas redondezas da cidadezinha e foi confundido com uma nave vinda do espaço sideral.
Não deixa de ser uma coincidência irônica que os OVNIs da época atual sejam balões como os do século passado. É uma pena que o seriado “Arquivo X” tenha acabado – com certeza, seus roteiristas iriam encontrar uma versão divertida para esse acontecimento da atualidade.
O segundo episódio começou a circular com rapidez desde janeiro: trata-se de uma carta (não se sabe se verdadeira ou não) de Albert Einstein sobre – o que mais? – OVNIs.
O fato é que em julho de 1952, os radares do aeroporto de Washington captaram seis objetos voando erraticamente e a uma velocidade impossível de ser atingida por naves construídas na Terra. Um piloto da Capital Airlines confirmou ter visto meia dúzia de luzes se mexendo rapidamente perto de sua rota. A Força Aérea, por fim, viu os sinais de radar e mandaram caças de interceptação, que nada encontraram.
Um reverendo de Los Angeles, chamado Louis Gardner, intrigado com essas notícias, escreveu àquele que era considerado o homem mais inteligente do planeta: Albert Einstein. No dia 23, ele enviou uma carta ao clérigo, dizendo o seguinte: “Aquelas pessoas viram alguma coisa. O que é eu não sei e não tenho curiosidade em saber”.
Einstein era a curiosidade em pessoa. E, ironicamente, um ano antes, um filme de Robert Wise, chamado “O Dia em que a Terra Parou”, mostrava a aterrissagem de um disco voador em Washington. O extraterrestre, que passa a ser perseguido pelos terráqueos, pede ajuda a um importante cientista, chamado Jacob Barnhardt (claramente baseado no autor da Teoria da relatividade).
Mais tarde, em 2021, esses dois episódios seriam conectados em uma reportagem do tabloide inglês The Sun. Uma ex-assistente de Einstein, chamada Shirley Wright, gravou uma série de fitas em 2015 nas quais disse que o cientista foi chamado ao Novo México para visitar o interior da nave espacial que havia caído em Roswell e presenciado a autópsia de um dos tripulantes.
Se tudo isso for verdade – algo bastante improvável –, estará explicada a falta de curiosidade de Einstein em relação às aparições nos céus de Washigton em 1952: ele já teria sabido quem eram os condutores daqueles discos voadores e, talvez para proteger o que sabia, resolver sair pela tangente.
A trama que envolve esses dois momentos é tão esquisita que poderia estar em um programa da série “Acredite se quiser”.
Cada um tem a teoria de conspiração que merece. Alguns gostam de falar sobre as urnas eletrônicas; eu prefiro os OVNIs.