Durante muito tempo, fui um obcecado sobre viagens no tempo, ao estilo do filme “De Volta para o Futuro”. Somente depois dos quarenta anos de idade é que percebi que, se fosse ao passado, poderia mudar meu presente – e isso me faria ter de abdicar da existência de pessoas que amo incondicionalmente na minha vida.

Na semana passada, porém, tive um acesso de nostalgia gastronômica. Sabe aquele desejo incontrolável de comer alguma coisa que existia em sua infância e desapareceu ao longo dos anos? Pois é. E o pior é que gastei horas de pesquisas na internet e não consegui encontrar nada nem remotamente parecido.

Assim, se eu conseguir viajar em uma máquina do tempo, vou fazer o máximo para não interferir em qualquer acontecimento da história, mas vou me jogar em uma busca por sabores desaparecidos no passado. Eles podem até ser bem piores do que eu imagino. Mas seria uma experiência fantástica recuperar sabores, texturas e sensações perdidas.

Abaixo, uma lista de dez guloseimas que não existem mais e fazem uma falta danada:

+ Sorvete de massa sabor tutti-frutti: foi justamente esse sorvete que me fez matutar sobre as delícias do meu passado como criança. Lembro de um em especial: o de copinho da Kibon (havia outro copinho, que também gostava; o Carioca, de nata e chocolate). Também sinto falta de outros sorvetes que marcaram época, como os da Gelato e da Yopa.

+ Chocolate Sonksen: as origens da empresa remontam ao final do Império. Mas a Sonksen que conheci começou em 1904 e fechou as portas em 1983. Gostava das balas e dos tabletes Urso Branco (com um toque de caramelo) e Urso Marrom. Mas eu me refestelei mesmo na Páscoa de 1971, quando meu tio comprou um ovo da Sonksen de 5 quilos e me presenteou com essa maravilha (era chocolate que não acabava mais, além de incontáveis bombons).

+ Lanche Mirabel: era uma merenda (como se chamava na época) bem simples. Um wafer bem fininho e recheio delicioso. Vinha em vários sabores: chocolate, coco, baunilha, limão, crocante e morango. Relançaram a marca em 2012, mas a receita não era a mesma.

+ Cerejinha: um refrigerante maravilhoso, com sabor forte. Infelizmente, foi descontinuado no início dos anos 1970. A garrafa era bem diferente das tradicionais de Coca-Cola e Guaraná.

+ Bombom de marzipã (Kopenhagen): ocupava um lugar de honra em cima dos balcões das lojas Kopenhagen, com o formato de um charuto. O recheio de marzipã era delicioso e a cobertura de chocolate ligeiramente amargo era um complemento perfeito. Dentro das geladeiras dessas lojas, havia uma variação bem interessante: as bombas de marzipã, outra delícia.

+ Grapette: outro refrigerante inesquecível, de sabor uva, ficou muito conhecido por seu jingle: “Quem bebe Grapette/ Repete Grapette/ Grapette é bom demais”. Não se encontrava em todo lugar. Mas era delicioso.

+ Caramelo de Leite Nestlé: se você tivesse alguma obturação, todo cuidado era pouco. A chance de esse caramelo se enroscar no dente e lá ficar era enorme. O sabor “toffee” era inesquecível e maravilhoso.

+ Chicletes Ploc: a maioria da garotada preferia o Ping Pong, mas eu era fã do Ploc, que tinha mais opções de sabores, além dos tradicionais hortelã e tutti-frutti. E o que era melhor: trazia figurinhas e tatuagens com os escudos de times de futebol. Meu preferido: o de laranja.

+ Chiclete Bazooka: era importado do México e dificílimo de encontrar. O sabor de tutti-frutti era bem diferente dos chicles nacionais.

+ Chocolate Ki-Bamba: era o que os americanos chamam de “candy bar”, uma barra de mashmellow coberta com chocolate. O sabor era meio “trash”, mas inesquecível.