É a segunda vez que falo na Organização das Nações Unidas. E, devo confessar, fiquei tão emocionado como da primeira vez. Me dirigir a uma plateia em um local onde líderes de todo o mundo, desde 1952, discursam e tomam decisões é algo bastante especial.
Poucos lembram que esse prédio, que já foi locações de filmes como “Intriga Internacional”, de Alfred Hitchcock, tem um DNA brasileiro. Seu projeto é uma obra de Oscar Niemeyer e do franco-suíço Le Corbusier (o pseudônimo de Charles-Edouard Jeanneret-Gris). Muitos exaltam a influência das linhas retas de Corbusier no desenho do prédio, em contraposição às conhecidas curvas do arquiteto carioca.
Mas é só lembrarmos de duas obras de Niemeyer (o prédio da Bienal e o Museu de Arte Contemporânea, no Ibirapuera, em São Paulo) conhecidas por um desenho externo econômico para ver que o brasileiro teve grande influência no design final. Além disso, a sede da ONU conta com vários elementos curvos e arredondados em seu interior, lembrando a Bienal e algumas construções em Brasília.
O evento se chama “High Level Delegation” – e, de fato, o nível da mesa é alto. Fizeram parte das discussões o empresário Alexandre Birman (vencedor do prêmio “Person of the Year 2024”), Simoni Morato (CEO do Safra Bank of New York e Chairperson da Brazilian-American Chamber of Commerce), Lucas Sancassani (conselheiro da Brazilian-American Chamber of Commerce), a conselheira de empresas e consultora Rachel Maia, Carlo Pereira, CEO do Pacto Global da ONU – Rede Brasil, Luiza Helena Trajano (Magazine Luiza), a CEO do Banco do Brasil Tarciana Medeiros, o embaixador Norberto Moretti, Helder Barbalho, governador do Pará e o financista e apoiador de diversas iniciativas de educação, Jair Ribeiro.
Minha tarefa foi entrevistar rapidamente Luiza Helena. Antes de fazer minhas perguntas a ela, deixei um recado à plateia, lembrando de duas palavras que foram repetidas algumas vezes durante nosso evento na sede do TikTok, com a participação da executiva responsável pela operação na América Latina, Gabriela Comazzetto e da empresária Rachel Maia. Neste debate, falou-se muito em “aliados” e “letramento”. Quem são esses “aliados”? Aqueles que trabalham pela causa da inclusão. E “letramento”, o que significa: Neste caso, estamos falando do processo de educação para quem releva as causas de discriminação e das ações que levam à exclusão.
Para um público de trezentas pessoas, lembrei que não podemos taxar de inimigos todos que não sejam aliados. Há quem não tenha ainda se juntado à causa da inclusão simplesmente por falta de informação ou iniciativa. Precisamos, então, usar a educação (ou letramento) para conscientizar esses indivíduos e trazê-los para o lado de quem se preocupa com uma sociedade mais inclusiva.
Outro ponto importante: precisamos do apoio dos empresários, que precisam se engajar para sensibilizar suas estruturas de colaboradores. Sem a ajuda de quem assina o cheque, não iremos a lugar nenhum. Esse talvez seja o verdadeiro segredo do sucesso.
É possível conclamar a importância das leis. Essas regras são, de fato, importantes. Mas, ao mesmo tempo, o enquadramento jurídico pode ser inócuo. Há uma lei, por exemplo, que obriga as empresas a preencher pelo menos 5% de sua mão-de-obra com portadores de deficiência.
Mas você conhece alguma empresa que consegue preencher essa cota?