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JK, John Foster Dulles e uma certa marchinha de Carnaval

Ainda dá tempo de falar sobre um tema relacionado ao Carnaval?

Então, aqui vai uma história que transita em torno de uma fotografia e uma composição que ficou famosa no final dos anos 1950, em gravação de Moacyr Franco. O ano era 1958 e o secretário de Estado John Foster Dulles veio ao Brasil falar com o presidente Juscelino Kubistchek. A ideia era entender melhor a campanha “O Petróleo é Nosso” e trabalhar os interesses das petrolíferas americanas.

Dulles e JK tiveram algumas reuniões, mas foi um encontro aberto ao público que ficou famoso. Em um determinado momento, Juscelino, de um lado da mesa, abriu as duas mãos, como se estivesse pedindo alguma coisa; do outro lado, Dulles parecia manusear uma carteira. O instante foi capturado pelo fotógrafo Antônio Andrade, do Jornal do Brasil. Ao produzir uma legenda para a foto, um editor do JB inspirou-se na marchinha de Moacyr Franco e escreveu: “Me dá um dinheiro aí”.

Poucas vezes uma imagem casou tão bem com um texto, mas JK não estava pedindo nada ao secretário americano e nem ele estava retirando dinheiro de uma carteira. Mas, como dizem em política, a versão pode ser mais importante que o fato – e a história dessa foto é lembrada até hoje.

John Foster Dulles foi advogado da United Fruit Company durante décadas e pessoalmente negociou a compra de vastas propriedades na Guatemala, Honduras e no Caribe. Foi a relação dessa empresa com governos corruptos na América Central que provocou o surgimento da expressão “república de bananas”.

Dulles veio apenas uma vez ao Brasil e foi fustigado por duas das mais importantes entidades representativas de estudantes, a União Nacional dos Estudantes e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas. As duas penduraram faixas e picharam paredes protestando contra a presença do secretário no país.

Curiosamente, o filho de Dulles (John Watson Foster Dulles) viria a ser um historiador especializado no Brasil. Ele se mudou para o país em 1959, um ano após a visita do pai, e morou em Belo Horizonte, como vice-presidente de uma companhia mineradora. De volta aos Estados Unidos, iria lecionar história brasileira nas universidades do Texas e do Arizona e publicar doze livros sobre o tema.

Dulles pai não conseguiu muita coisa de JK, que manteve o monopólio da Petrobras, e morreu no ano seguinte ao da viagem ao Brasil. Como secretário de Estado, viajou mais de um milhão de milhas, enviado pelo presidente Dwight Eisenhower a vários países em conflito com os EUA. Era um exemplo de pragmatismo, que deveria ser seguido por vários políticos brasileiros. “Os Estados Unidos não têm amigos; têm interesses”, dizia ele.

Vídeo com registros da visita de John Foster Dulles ao Brasil

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