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La Casserole: um ícone completa 70 anos

Ouvi, nesta semana, uma entrevista no rádio com Marie-France Henry, que é dona do restaurante La Casserole, em São Paulo. Conheci Marie há um tempão, quando tive uma namorada com quem ela dividia um apartamento no bairro do Paraíso. Sempre divertida e sorridente, pilotando um fusca 1968 impecável, ela não dava nenhuma pista de que cuidaria do restaurante fundado por seus pais na década de 1950. Através dessa entrevista, descubro que o Casserole completa 70 anos neste mês e que seu filho, Leo, trabalha com ela.

Passado o choque inicial de perceber quantos anos tinham passado desde que a conheci, saboreei alguns momentos de nostalgia ao lembrar do estabelecimento fundado por Roger e Fortunée Henry, um lugar muito charmoso no Largo do Arouche, no qual o tempo parece ter parado. A decoração remonta à década de 1950 e o menu está recheado de receitas clássicas.

Quando conheci o restaurante de Marie, já era um jovem adulto. Fui convidado para um almoço de negócios e me toquei, um dia antes, de minha total ignorância em relação à gastronomia francesa. Me lembro de ter perguntado a ela qual prato deveria pedir e ela me sugeriu o “Quenelle”, uma espécie de gnocchi de peixe, servido com frutos do mar em um molho bisque. Uma delícia. Pena que não esteja mais no cardápio (ficou com vontade? Essa maravilha ainda é uma pièce de résistance do Freddy, no Itaim Bibi).

Em compensação, vários pratos espetaculares, que figuravam no menu de estreia do local, ainda são oferecidos pelos garçons. Entre as entradas, por exemplo, estão duas opções que hoje beiram o lugar comum, mas, nos anos 1980, não se encontrava em qualquer lugar. Estou falando do salmão defumado e da terrine de foie gras, que ainda valem muito a pena.

Entre os pratos principais que perduram há décadas no cardápio, há o Filet au Poivre, o frango ao curry, Bouef Bourguignon, blanquete de vitela e Rognons au Beaujolais (esse não é para qualquer um – são rins ao molho de vinho). Há uma sobremesa clássica, imperdível e irrecusável: Coupe Ardéchoise, uma taça de creme de marrom glacê com mousse de chocolate e chantilly.

Outro destaque: o dry martini é executado com maestria e o bartender é bastante econômico nas gotas de vermute seco, como todos os profissionais de coquetelaria de hoje deveriam fazer (muitos dos jovens bartenders insistem em colocar uma porção generosa de Noilly Prat na receita, o que me desagrada profundamente). Aliás, o La Casserole serve na taça apenas metade do drink, sempre com duas azeitonas. O restante fica em uma garrafinha envolta em gelo picado, em um baldinho à sua frente (o Fasano e o Gero Itaim também usam esse truque espetacular para deixar a bebida sempre geladinha).

Se você nunca foi ao Casserole, espante a inércia e vá. É no centro da cidade? Sim, mas vale muito à pena. Especialmente à noite, quando as floriculturas que ficam em frente ao restaurante estão iluminadas. Quer fazer uma graça a sua cara metade? Ligue para uma das bancas e peça para entregar um buquê no meio do jantar. Mostre que além de saber escolher restaurantes com originalidade, você também é um romântico.

Mas hoje é dia das Mães. Não escolheu ainda que restaurante levá-la? Que tal o Casserole? Se for lá, não se esqueça de comprar as flores do Arouche e presenteá-la. Sua mãe vai adorar. Afinal, todo romântico é um filho exemplar.

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