Recentemente, percebi que vários amigos – a maioria bem mais jovem que eu – estão devorando livros sobre longevidade. E vários bilionários começaram a frequentar grupos internacionais que estudam as últimas tendências que podem esticar a vida humana para além dos cem anos de idade. Mas a preocupação destas pessoas não é apenas permanecer vivo durante muito tempo e sim conseguir combinar velhice com qualidade de vida.
São indivíduos que se cuidam acima da média, observando com rigor o próprio peso e sem abusar dos excessos. Um amigo, chegado à galhofa e bastante apegado aos prazeres da mesa, me perguntou, ao comentar sobre um conhecido que estava se cuidando com afinco: “Vale a pena viver desse jeito por muito tempo?”.
Estamos em uma encruzilhada na qual podemos ver todas as possibilidades que a tecnologia nos oferece para esticar a vida humana – mas as ferramentas existentes ainda não podem proporcionar o que será bastante comum no futuro. Com isso, minha geração não deve desfrutar dessas novas técnicas para esticar a nossa presença aqui na Terra.
Não me queixo.
Até agora, tive uma vida com altos e baixos, como todo mundo, mas vivi emoções fabulosas e tenho várias histórias divertidas para contar. Minha trajetória é recheada de fatos pitorescos e de coincidências abissais, que me intrigam até hoje. Mesmo que não ultrapassemos um século de existência, presenciamos uma transformação espetacular do mundo em que nascemos. Isso é uma dádiva semelhante à de quem nasceu no Século 19 e pôde testemunhar o surgimento da energia elétrica, do automóvel e do avião.
A mudança da vida analógica para digital é instigante e abre perspectivas aparentemente infinitas de mudança e evolução. Embora não tenhamos automóveis voadores, como prediziam filmes como “De Volta para o Futuro” e desenhos animados como “Os Jetsons”, nossa geração conviveu com telefones fixos que tinham discos para fazer uma ligação – e hoje carrega verdadeiros computadores em forma de smartphones, com aplicativos que fazem praticamente de tudo.
O mais interessante em tudo isso é que a tecnologia, que trinta anos atrás era privilégio de uma meia dúzia, é algo que inclui todas as pessoas. Os celulares estão na mão de todos, não apenas dos jovens. Como resultado, vemos muitos coroas de alma juvenil, algo impensável se pensarmos em um passado recente.
Podemos enxergar hoje uma geração de pessoas mais velhas que sentem uma jovialidade pulsando dentro de si, mas é reprimida pelo enrijecimento do corpo. Agora, pense em quem tem hoje menos de trinta anos. Vão ultrapassar os sessenta sem essas amarras físicas, pois a tecnologia deve criar alternativas para tornar a musculatura humana mais eficiente apesar do envelhecimento das fibras.
Muito se fala da criação de chips que vão multiplicar a capacidade de nossos cérebros. O autor Yuval Harari, inclusive, fala sobre isso e prevê que apenas uma casta de privilegiados poderá multiplicar artificialmente sua inteligência, criando duas categorias de seres humanos. Particularmente, acho que essa previsão é recheada de preconceitos em torno do capitalismo. A lógica da iniciativa privada é baratear seus produtos e vendê-los para um número cada vez maior de pessoas. Veja o que ocorreu com os celulares: trinta anos atrás, eram rudimentares, custavam uma fortuna e eram possuídos apenas por um punhado de ricaços. Hoje, todos têm a condição de possuir um aparelho desses. Por que seria diferente com os chips cerebrais (se é que eles vão existir um dia)?
Enquanto não podemos implementar geringonças para melhorar nosso raciocínio, há a possibilidade de nos prepararmos para usar uma tecnologia que começa a dar os primeiros passos: a inteligência artificial. Os robôs de IA podem nos ajudar imensamente, mostrando atalhos que vão melhorar em muito a nossa vida.
Não adianta lutar contra o avanço da tecnologia. Ela irá evoluir apesar do desconforto de alguns. Diante disso, é melhor tirar proveito dela do que choramingar. Esse processo vai desempregar muita gente sem qualificação? Vai. Por isso, é imperativo que nos antecipemos a esse problema, criando uma solução para o imbróglio que vem a seguir.
Já que a minha geração não deve desfrutar dos avanços da biotecnologia, o jeito é aproveitar a inteligência artificial enquanto há tempo. E tornar a nossa vida mais produtiva e com maior foco. É hora de deixar de fazer coisas que não agregam valor e nos preocupar apenas com o que interessa de fato. Vamos delegar processos chatos e coisas repetitivas aos computadores e algoritmos. E viver a nossa vida com maior intensidade.
Uma resposta
É isso: “Já que a minha geração não deve desfrutar dos avanços da biotecnologia, o jeito é aproveitar a inteligência artificial enquanto há tempo. E tornar a nossa vida mais produtiva e com maior foco.” 👏👏👏