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Lula precisa calçar as sandálias da humildade

Aos poucos, informações vindas de Brasília revelam que a frase do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, comparando os ataques de Israel à Faixa de Gaza ao Holocausto, não foi fruto de uma improvisação infeliz. A seus assessores, Lula tem dito que este movimento foi planejado e tinha como objetivo abrir o caminho para que outros chefes de Estado fizessem o mesmo que ele. Dessa forma, o premiê israelense Benjamin Netanyahu se sentiria pressionado para refrear sua tática agressiva na guerra contra o Hamas.

O presidente, desde que venceu as eleições, tem alimentado a ambição de ser um líder internacional – uma espécie de porta-voz dos países do chamado Terceiro Mundo. Mas, desde que tentou se mostrar como tal, vem colecionando declarações que causam mal-estar nos meios diplomáticos.

Um exemplo disso foi colocar a culpa da guerra entre Rússia e Ucrânia no país invadido, declaração que foi rechaçada ao redor do globo. A recusa em questionar a falta de liberdade e de democracia em países como Venezuela e Nicarágua também desagradou a vários líderes do panorama internacional. E, agora, a frase na qual comparou o governo de Netanyahu aos nazistas o transformou em persona non grata em Israel e criou uma polêmica que só prejudicou a imagem do Brasil lá fora.

Curiosamente, o país já vinha enfrentando problemas no mundo diplomático desde o governo anterior. Jair Bolsonaro não pode ser definido exatamente como alguém ponderado e habilidoso. Seu estilo desbocado, temperado com obsessões ideológicas, fizeram mal ao Brasil neste particular – e a comunidade estrangeira tinha muitas esperanças de que Lula fosse recolocar a diplomacia brasileira nos eixos.

Ocorre que o presidente simplesmente inverteu o sinal ideológico do antecessor e passou a se meter onde não devia, acreditando ter no exterior um poder de influência maior do que o da realidade. Por enquanto, Lula não conseguiu criar um bloco de países que possa segui-lo e só criou polêmicas diplomáticas. Diante de um novo fiasco, talvez fosse melhor submergir por uns tempos e desistir dessa ideia de se transformar em um líder mundial. Seria o caso de o mandatário calçar as sandálias da humildade. Urgentemente.

A última coisa que o Brasil precisa, agora, é de se desgastar junto à comunidade internacional – especialmente quando precisamos ampliar ainda mais nossas exportações, costurar definitivamente a nossa entrada na OCDE e convencer os europeus a trabalhar de maneira mais próxima dos países que compõem o Mercosul.

Ao criar marolas desnecessárias, que podem se tornar ondas dignas de um tsunami, Lula corre o risco de prejudicar não só o Itamaraty, mas criar impedimentos para nossa economia se expandir no exterior. Em um mundo globalizado, a neutralidade acaba sendo uma mercadoria valiosa. Ao escolhermos seguidamente um lado nos conflitos que têm enorme repercussão mundial, vamos fechando portas que podem ser importantes para o Brasil no futuro.

Ao longo do dia de ontem, pôde-se observar que a estratégia de Lula não surtiu efeito. Nenhum político estrangeiro de expressão seguiu a trilha do presidente brasileiro, condenando veementemente Israel. Que isso sirva de alerta para Lula mudar sua abordagem ideológica na política internacional do Brasil.

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