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Lula quer maior diálogo com políticos, quando deveria ouvir os empresários

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva viu uma onda de pessimismo tomando conta dos principais agentes econômicos – e tratou de entrar em campo com um discurso repleto de previsões otimistas. “Eu quero alertar os pessimistas: esse país vai crescer mais neste ano, mais do que vocês falaram até agora. Os empregos vão ser gerados mais do que vocês imaginaram até agora, a massa salarial vai crescer mais do que vocês falaram até agora”, afirmou o presidente em evento destinado às pequenas e médias empresas no Palácio do Planalto ainda hoje.

É sempre bom ver um presidente otimista. Mas Lula precisa dar à sociedade uma pista de como vai exceder as expectativas dos analistas econômicos. Para ele, porém, tudo é uma questão de conversa.

“O [vice-presidente e ministro Geraldo] Alckmin tem que ser mais ágil, tem que conversar mais. O [ministro da Fazenda Fernando] Haddad tem que, em vez de ler um livro, perder algumas horas conversando no Senado e na Câmara. O [ministro do Desenvolvimento Social] Wellington [Dias], o [ministro da Casa Civil] Rui Costa, passar maior parte do tempo conversando com bancada A, com bancada B”, explicou o presidente.

Ampliar o diálogo é sempre bom. Mas é interessante observar que, em sua explanação, Lula citou apenas a classe política como alvo de maiores conversações. Mas aquilo que Lula diz ser subestimado pelos “pessimistas” (crescimento econômico, empregos e massa salarial) é pilotado pelos empresários, não pelos políticos. Mas quem é responsável pela criação de riquezas no país (e, por consequência, a renda que paga os impostos) não parece ser alvo de consultas. Pelo menos na visão do presidente.

Todos os ministros citados por Lula, de fato, precisam estar envolvidos em uma negociação constante com o Congresso, especialmente neste momento delicado nas relações entre Executivo e o presidente da Câmara Federal, Arthur Lira. Mas seria bom ver o presidente estimular seus ministros a falar mais com o setor privado. Alckmin e Haddad, evidentemente, já têm agendas com empresários – mas seria muito bom ampliá-las.

O problema, nessas ocasiões, é que políticos do governo querem falar mais do que ouvir – quando deveria ser o contrário. Os empresários têm muito o que dizer, além de apontar sugestões que podem aumentar a atividade econômica e a arrecadação federal. Mas isso só vai acontecer se Lula perceber a importância do empresariado para bombar a economia, como ocorreu em seus primeiros mandatos.

Será que o presidente conseguirá perceber isso até 2026?

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