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Mão de obra: um dos maiores desafios brasileiros

Ontem, as manchetes dos grandes matutinos paulistas eram bem diferentes, mas tratavam do mesmo assunto: a mão de obra brasileira. A da “Folha de S. Paulo” era preocupante: “Produtividade trava e nível brasileiro é ¼ do americano”. A do “Estado de S. Paulo” também provocava aflições: “Mão de obra escassa faz construção investir em capacitação e tecnologia”. Ou seja, o nível de competitividade das empresas nacionais, dada a baixa qualificação de nossos trabalhadores, é um problema que precisa ser encarado de frente por toda a sociedade.

Quando olhamos o estudo destacado pela “Folha”, percebemos que a questão é gravíssima, mas não é exatamente nova. Em 2010, por exemplo, a produtividade da mão de obra no Brasil era equivalente a 28,4% se comparada com a americana. Portanto, houve queda inquestionável, mas a base já era muito baixa. Só que, em 1980, os brasileiros produziam 45,8% em comparação com os americanos – o pico do Século 20. Na prática, voltamos aos anos 1950, quando a produtividade brasileira representava 24,4% da observada nos Estados Unidos.

Mas a situação, no dia a dia, talvez seja até pior, se levarmos em consideração dois fatores. O primeiro é o Índice de Capital Humano, que faz parte do cálculo da produtividade nacional. Se tomarmos como base o ano de 1995 (com 100 pontos), o índice de 2023 chegou a 184,5 pontos. Portanto, o trabalhador brasileiro melhorou muito em termos de experiência e educação nas últimas três décadas. Além disso, o setor de agronegócios apresentou um crescimento produtivo sem precedentes. Em 1995, por exemplo, o Agro gerava R$ 7,50 por hora trabalhada; em 2023, passou a R$ 39,50. Ou seja, não fosse a melhora na educação e dos índices do agronegócio, talvez nossa média fosse ainda menor.

Mas o que gera uma queda tão significativa em nossa produtividade?

Não precisa ser gênio para encontrar três fatores. O primeiro é um ambiente de negócios conflituoso, que gera inseguranças e drena recursos humanos e financeiros dos empresários. O segundo é consequência do primeiro: há uma falta de investimentos produtivos. Segundo o IBGE, tivemos em 2023 uma das menores taxas de investimento da história: 16,4% do Produto Interno Bruto. Por fim, temos o chamado custo Brasil, que afasta muitas empresas das exportações. Restritas ao mercado interno, essas companhias vão se acomodando e perdendo competitividade, aceitando níveis de produtividade que não seriam razoáveis no exterior.

No caso da reportagem do “Estadão”, o foco é a disputa por mão de obra qualificada, que não se restringe apenas aos profissionais da engenharia, mas também atinge serventes e pedreiros. Para atrair melhores profissionais, as construtoras elevaram os salários e benefícios, o que gerou um crescimento no custo dessas empresas de 7,51% nos últimos doze meses, segundo a Fundação Getúlio Vargas.

As empresas do setor, com isso, acabaram entrando em uma espécie de jogo de “rouba monte” corporativo, provocando várias transferências no mercado de trabalho. Esse fenômeno, que afetou o setor de logística nos meses pós-pandemia, é uma realidade até hoje em determinados segmentos de empresas de tecnologia.

É por isso que existem algumas iniciativas vindas da iniciativa privada para formar profissionais mais qualificados. Empresas como XP e JBS têm instituições educacionais próprias, enquanto os acionistas do BTG Pactual investiram na criação de uma faculdade de tecnologia, a Inteli. Sem contar potências do ensino que surgiram da inquietude do empresariado, como o Insper e a Link School of Business.

É preocupante ver um índice tão baixo de produtividade e perceber que as razões para essa deficiência estão mais vivas que nunca entre nós. Precisamos elevar os nossos investimentos e isso só será possível com um ambiente de negócios favorável. Não podemos, porém, esperar que o governo tenha a iniciativa para resolver essa questão. Os empresários precisam se unir para pressionar as autoridades e mostrar que são as empresas que geram as riquezas que constroem esse país. Sem iniciativa privada, o país não vai a lugar nenhum. É preciso dar aos empresários condições melhores para que eles tenham mais confiança e invistam em novos projetos – ou na produtividade de suas companhias.

Se continuarmos a ficar para trás, nosso destino será a fragilidade e o protecionismo, com empreendedores vivendo em uma bolha doméstica e limitada. Precisamos respirar os ares da modernidade e investir em novos processos, em tecnologia e na formação de nossos trabalhadores. Não vamos perder mais tempo com leis retrógradas e decisões que sufocam os empresários. É hora de pressionar, pressionar e pressionar.

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Comentários

Respostas de 14

  1. A carga tributaria e normas que regem a clt deixam as empresas de mãos atadas de tanta burocracia e acabam em optar em não investimento em cursos e treinamento para qualificação em treinamento.Isso faz com que o pais deixa de ser competitivo em relação a outros paises emergentes.As empresas que podem migrar para paises onde a interferência do estado deixa de ser empecilho

    1. Infelizmente,sempre o estado impondo e interferindo no progresso do país. Uma vergonha saber que isso prejudica tanto o empresário como as pessoas que buscam por oportunidades de emprego.

      1. Os empresários têm medo!
        Pois uma população ganhando um excelente salário, automaticamente eles terão condições favoráveis a se tornar futuros empresários, desde um comércio pequeno, como padaria, restaurante, pizzaria, um hotel na beira mar. Etc. Daí fica nessa escravidão, ganhando só para ter o básico do básico.
        Bem vindo a pré história!

    1. Isso é reflexo de péssimos salários ofertados aos trabalhadores, nem pode ser chamado de salário é um contrato de escravidão moderna, onde se trabalha e não dá nem pra pagar o custo básico de uma família, parabéns sabedores de nada, que de economia sabem menos que minha filha de 4 anos.

      1. Isso mesmo amigo.
        É incrível como as mídias e empresários mantém. Qual o valor que empresários pagam para eleas da esse tipo de informação falsa.
        A população cansou de receber uma miséria dos empresários. Hoje tem muita oportunidade como autônomo.
        Garanto que tem sim, muita gente qualificada, é só pagar uma grana alta que terá profissionais bons. Se quiser ganhar dinheiro vai ter que aumentar a fatia dos trabalhadores. Kkkkk
        Chora não bebê,

  2. Coitados desses pobres empresários, na verdade o que eles querem é mão de obra qualificada e barata para aumentar o patrimônio deles.

  3. O problema não é a CLT. Mas a falta de mais profissionais com maior formação, de faculdade. E mesmo nesses casos será que pagam bem? Entendo que não. Por isso também a evasão em certas áreas como a construção.

  4. Falta de qualificação isso tudo é uma piada muita gente com faculdade é não arruma emprego, pois faculdade não é sinônimo de experiência, e se a pessoa tem experiência não tem estudo cobra diploma esse é um país miserável que não arruma emprego para ninguém para colocar máquinas trabalhando é ter uma justificativa para isso bando de hipócritas.

  5. Aqueles que chamam de pobres empresários , e simples o mercado está aí para todo mundo.
    Se tiver coragem de correr riscos saia da zona de conforto e abra uma empresa e faça diferente , o mercado está aí disponível para todos.
    Boa sorte…..

  6. Isso mesmo amigo.
    É incrível como as mídias e empresários mantém. Qual o valor que empresários pagam para eleas da esse tipo de informação falsa.
    A população cansou de receber uma miséria dos empresários. Hoje tem muita oportunidade como autônomo.
    Garanto que tem sim, muita gente qualificada, é só pagar uma grana alta que terá profissionais bons. Se quiser ganhar dinheiro vai ter que aumentar a fatia dos trabalhadores. Kkkkk
    Chora não bebê,

  7. Pura hipocrisia a grande verdade é sempre lucrar com mão de obra barata. A grande massa trabalhadora não tem o mínimo de dignidade, mas sem ela acaba tudo infelizmente vivendo ainda de migalhas.

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