Nova York é a meca do capitalismo. Quando observamos a cidade de algum observatório, como o Empire State Building, Top of the Rock ou Summit Onde Vanderbilt, enxergamos o resultado de investimentos feitos desde o século 19, que ergueram prédios icônicos até hoje, como o Flatiron (de 1902), o Chrysler (1930) e o Dakota (1884).
Vê-se uma atividade frenética o tempo todo, que é traduzida por um trânsito que beira o insuportável. Mas o nova-iorquino típico se locomove a pé, de ônibus, de metrô, de táxi ou de Uber. Imaginemos o nó que haveria no tráfego se os residentes resolvessem andar nas ruas da cidade com seus próprios automóveis.
Os maiores conglomerados financeiros estão aqui – uma espécie de epicentro do dinheiro, que circula aos borbotões pela maior bolsa de valores do mundo, a New York Stock Exchange. O endereço desse pregão, inclusive, é sinônimo de fortuna graúda: Wall Street (que tem esse nome porque havia de fato um muro nesse local, construído supostamente para proteger a população dos índios).
Na rua, as antigas limusines deram lugar a SUVs compridos, como Escalade, Tahoe, Yukon, Suburban e Wagonner. Os últimos modelos de carrões Bentley, Rolls-Royce e Maybach podem ser enxergados a qualquer momento nas ruas – e esportivos como Bugatti, Ferrari, Pagani, Lamborghini, Maserati e McLaren são presença frequente em frente aos restaurantes estrelados.
Apesar de todos esses sinais exteriores de riqueza, não se enganem. Nova York é uma cidade dominada pelos sindicatos e tudo – absolutamente tudo – tem de passar por regras ditadas pelas centrais trabalhistas.
Apesar de concentrar um número enorme de milionários e bilionários, essa também é a capital mundial da cultura woke, a cartilha do politicamente correto. Nova York é uma cidade na qual até os muito ricos não são necessariamente conservadores na seara de costumes. Talvez isso ocorra porque a maioria dos ricaços locais sempre esteve ligada aos museus e aos artistas plásticos.
Apesar de ter abrigado próceres do liberalismo econômico durante um bom tempo, como Ludwig Von Mises e Friedrich Hayek, Nova York é uma cidade que exala medidas econômicas protecionistas, bem ao estilo dos políticos do Partido Democrata.
Apesar dessas contradições, é impossível não amar essa cidade. Ou não admirar seu caráter cosmopolita e democrático, de um lado, e a mistura arquitetônica que combina clássicos do início do Século 21 com arranha-céus espelhados que ultrapassam os 100 andares.
É uma metrópole na qual se respira cultura. O número de museus, ateliês, estúdios de música, teatros é enorme, assim como a multidão de artistas que, entanto sonham com o estrelato, ganham dinheiro servindo mesas ou enchendo tanques de gasolina.
O que dizer da gastronomia? Há cerca de 25.000 restaurantes por aqui, dos mais populares aos que possuem três estrelas no Guia Michelin. Lá se encontram pratos de todas as nacionalidades, para todos os bolsos.
Fiz um cálculo por cima: devo ter visitado Nova York cerca de trinta vezes, desde que fiz vinte e cinco anos de idade. É a cidade estrangeira com a qual me identifico mais – e olhe que eu adoro a Europa (Londres, Paris e Roma em especial). Penso em me aposentar por aqui, morando no Upper West Side, no Soho ou no West Village. Me imagino escrevendo meus artigos ao final do dia, quando o crepúsculo (ou melhor, o “twilight”) nova-iorquino fica espetacular, dividindo o dia e a noite.
Sonhar sempre foi grátis. Mas realizar esse sonho — eu sei — vai custar caro, muito caro.