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O adeus ao grande mestre Quincy Jones

Tinha nove anos de idade quando ouvi falar pela primeira vez sobre Quincy Jones. O maior sucesso televisivo da época era a novela Selva de Pedra, que utilizava um tema instrumental para as cenas de ação – uma música que eu amava. Esperei ansioso que a trilha sonora da novela fosse lançada. Comprei o disco após seu lançamento, mas aquela peça não estava entre as 14 faixas do disco. Inconformado, comecei a perguntar sobre a música aos amigos. Aí, um deles disse que o pai conhecia a tal canção. Seu nome: “Money Runner” e era de Quincy Jones. Fazia parte da trilha sonora do filme “Ladrão que rouba ladrão”, com Goldie Hawn e Warren Beatty.

Só fui conseguir essa música muito tempo depois e passei a seguir a carreira do maestro. Comprei um LP alguns anos depois, “Sounds…”, que tinha um sucesso fabuloso: “Stuff like that”, com os vocais de três lendas da soul music americana: Nicholas Ashford, Valerie Simpson e Chaka Khan (tenho esse vinil até hoje). E fiquei um fã inveterado depois de ouvir a joia instrumental “Soul Bossa Nova”, originalmente gravada em 1962, uma das mais originais e criativas melodias que já escutei e que conta com o músico argentino Lalo Schfrin (autor do tema de “Missão Impossível”) no piano.

Quincy Jones subiu ao andar de cima nesta semana e foi lembrado principalmente por seu trabalho como produtor musical, em especial pelos discos que gravou com Michael Jackson. Foi ele inclusive quem estimulou Michael a compor canções mesmo sem saber tocar nenhum instrumento, apesar da relutância do cantor. Sem Quincy, assim, não haveria canções como “Billie Jean”, “Beat it”, “Bad”, “Don’t Stop Til You Get Enough”, “The Way You Make Me Feel” e “We Are The World”.

Falando nessa última música, foi ele quem regeu 42 artistas do mais alto calibre da música pop, reunidos sob o nome de “USA For Africa”. E teve o cuidado de escrever um cartaz, pendurado na parede do estúdio, que calou fundo a todos os envolvidos no projeto: “Deixe seu ego na entrada”.

Um dia depois da gravação, Quincy mandou uma fita cassete com a faixa finalizada para cada um dos envolvidos no projeto. Essa gravação era acompanhada de um bilhete: “As fitas estão numeradas e não sei expressar o quão importante é não os deixar sem este material. Por favor, não façam cópias e devolvam-nas na noite do dia 28. Nos anos futuros, quando seus filhos perguntarem ‘o que meu pai e minha mãe fizeram no combate à fome mundial?’, vocês poderão dizer orgulhosamente que esta é a sua contribuição”.

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