A primeira vez que ouvi uma música de Burt Bacharach foi no rádio AM do carro da minha mãe: era “Raindrops Keep Fallin’ On My Head”, que fez sucesso por estar na trilha sonora do filme “Butch Cassidy”, com Paul Newman e Robert Redford. A canção acabou e minha mãe apertou um botão, pulando diretamente para outra estação (era uma tecnologia mequetrefe chamada “push-button”). O que estava tocando na outra emissora? A mesma música.
Fiquei impressionado com isso. Alguns anos mais tarde, estava na casa do meu vizinho e vi vários discos de Burt Bacharach. Passei os olhos na lista de canções e descobri que não apenas aquela do rádio, mas várias outras, como “Close To You”, eram de sua autoria. Ouvimos “I’ll Never Fall in Love Again”, que eu não conhecia. Começava ali uma relação fortíssima com a obra de Bacharach, que se estreitaria com o lançamento no Brasil do filme “Horizonte Perdido”.
Perdi a conta de quantas vezes eu vi esse filme, ainda aos dez anos de idade. Um pouco porque era a primeira película mais adulta que eu poderia ver no cinema – e bastante por conta da trilha sonora. Composta por quem? Burt Bacharach.
Esse foi o último trabalho que o maestro realizaria com o letrista Hal David, que esteve ao seu lado durante anos. Ele só retomaria o caminho do sucesso quando se casou com Carole Bayer Sager, que já era uma compositora de sucesso (a letra “Nobody Does it Better”, da trilha de “O Espião que me Amava”, é dela). Com Carole e Christopher Cross, usando uma frase de Peter Allen (“If you get caught between the Moon and New York City, the best that you can do is fall in love”), ele ganhou mais um Oscar, dessa vez pela canção original de “Arthur, um Milionário”.
Bacharach esteve no Brasil em 1959, como pianista — e namorado — de Marlene Dietrich, que veio fazer uma turnê por aqui (no auditório do Copacabana Palace, eles chegaram a tocar “Luar do Sertão”, ensinada a ela por Cauby Peixoto nos Estados Unidos).
Boa parte da obra do maestro tem uma levada de bossa nova (“Do You Know the Way to San Jose”, “I Say a Little Prayer” e muitas outras). Ninguém me tira da cabeça que ele conheceu o ritmo inventado por João Gilberto durante essa visita e o incorporou em suas canções. Quando Stan Getz e João Gilberto começaram a fazer sucesso após um show memorável no Carnegie Hall, Bacharach mergulhou fundo na batida brasileira.
Minha música favorita? Tem duas. “The Look of Love” e “This Guy is in Love with You” (imortalizada por Herb Alpert).
Respostas de 4
Um dos maiores gênios do mundo da música embolou toda uma geração de fezardos como eu que curti quase todo o repertório do mestre que juntamente com seu parceiro Hal Davis.
Deixaram um legado músical nas artes cinematográfica e no mundo da música..
O céu está em festa..tem música boa
Conheci Burt Bacharach através do meu pai…cresci escutando e apreciando…após o falecimento do meu pai…ouvi cada vez mais…parecia que meu pai esta ali…agora ficarei com duas saudades…tenho certeza que irão se encontrar em algum lugar!
Conheci Burt Bacharach através do meu pai…cresci escutando e apreciando…após o falecimento do meu pai…ouvi cada vez mais…parecia que meu pai esta ali…agora ficarei com duas saudades…tenho certeza que irão se encontrar em algum lugar!
Tive a oportunidade de ver um grande show deste inesquecível maestro no palácio das convenções do Anhembi em São Paulo no final da década de 70. Inesquecível!!! Sem dúvida, um dos maiores músicos do planeta. Músicas imortais . Você estará na sempre vivo em nossas memórias mestre Bacharach