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Como fica a relação de Lula com os colegas latino-americanos

Em três de dezembro de 2016, um pouco antes do enterro de Fidel Castro em Cuba, um grupo com líderes políticos latino-americanos se reuniu para prestar uma última homenagem ao falecido. Esse encontro produziu uma foto na qual podemos ver, além do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da ex-presidente Dilma Rousseff, Daniel Ortega (presidente da Nicarágua), Raúl Castro (irmão de Fidel), Nicolás Maduro (presidente da Venezuela) e Evo Morales (presidente da Bolívia). Como coadjuvantes, há algumas estrelas da esquerda brasileira, como o deputado federal Guilherme Boulos, o escritor Fernando Morais e o líder do Movimento dos Sem-Terra, João Pedro Stédile.

Naquele momento, Lula era investigado pela Operação Lava-Jato e Dilma havia sofrido um processo de impeachment (isso explica os semblantes tensos capturados pelo fotógrafo Ricardo Stuckert na ocasião). Mas o que se percebe neste instantâneo é o clima total de camaradagem entre Lula, Dilma, Ortega, Castro, Morales e Maduro. Ortega inclusive abraça os brasileiros enquanto Maduro faz o mesmo com o cubano e o então líder da Bolívia.

Se essa reunião acontecesse hoje, no entanto, talvez o clima fosse diferente. Em primeiro lugar, Lula hesita em reconhecer a reeleição do presidente venezuelano e seu governo cobra a divulgação das atas eleitorais que comprovariam os números divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral.

Para engrossar esse caldo, Ortega determinou anteontem a expulsão do embaixador brasileiro em Manágua, Breno da Costa. A razão oficial seria o não comparecimento de Costa a um evento que comemorou 45 anos da revolução sandinista no país. Ocorre que as relações diplomáticas entre os dois países estão congeladas desde que o Brasil pediu a libertação do bispo Rolando Álvarez, preso por fazer oposição ao regime. Por isso, o embaixador não deu as caras.

Por trás dessa decisão está a intenção de Ortega em enfraquecer o liderança regional de Lula, diminuindo seu alcance e bombardeando o cacife do brasileiro para ser um mediador junto ao imbróglio recorrente da fraude eleitoral venezuelana. Além disso, com esse movimento, Ortega diminui o poder de influência de Lula ao seu projeto de permanência no poder, que será estendido daqui a dois anos e também será questionado pela comunidade internacional. Diante da atitude do ditador nicaraguense, o presidente brasileiro não teve alternativa: expulsou do Brasil, ainda ontem, a embaixadora do governo sandinista, Fulvia Matu.

Dessa forma, o sonho de Lula em se firmar como uma liderança política regional sofre um forte abalo. Ele já não conta com a simpatia de vizinhos como Argentina, Paraguai e Uruguai. Estremeceu-se com o Chile e a Colômbia por conta de sua hesitação em condenar Maduro. Por fim, o ditador venezuelano está descontente com a posição dúbia do governo brasileiro.

Chegou o momento de o Brasil mostrar oficialmente sua indignação com a ditadura venezuelana e outros regimes de exceção, como o de Ortega. Se Lula quiser preservar o que ainda resta de sua popularidade e modernizar a esquerda brasileira, terá de reconhecer a importância dos fundamentos democráticos e romper com seus antigos amigos. Basta de companheirismo ideológico. A democracia está acima disso.

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Comentários

Uma resposta

  1. Atualmente, o Presidente Maduro é um baluarte na luta contra a sanha das oligarquias financistas de especuladores improdutivo e agiotas nazifascistas sob égide do imperialismo.

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