Pesquisar
PATROCINADORES
PATROCINADORES

O que é bom para os EUA é bom para o Brasil?

Temos no Brasil uma verdadeira torcida organizada em prol do presidente americano Donald Trump. O apoio é tamanho que Trump parece estar aboletado no Palácio do Planalto, embora ele despache Casa Branca, em Washington. Entende-se o tamanho dessa sustentação. Afinal, o presidente Trump é a maior liderança conservadora do mundo e suas atitudes podem ter efeitos no Brasil. Uma das esperanças desse eleitorado, por exemplo, é a de que o americano faça algum tipo de pressão para colocar Jair Bolsonaro – hoje inelegível – de volta ao páreo em 2026.

Os trumpistas brasileiros exaltam cada movimento vindo de Washington, quase que reeditando o que disse o embaixador do Brasil nos Estados Unidos no ano de 1964, o ex-governador Juracy Magalhães: “O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”. Mas será isso mesmo?

O Brasil é um país complexo, que tem forças políticas bem diferentes das americanas, que ainda vivem sob um regime bipartidário (que sofreu modificações com as metamorfoses vividas pelos partidos Republicano e Democrata). Nossa estrutura multipartidária, dominada pelo Centrão, aliada a um presidencialismo de coalizão, nos transformaram em um modelo único, que precisa de soluções diferenciadas.

Do ponto de vista estatístico, é bem difícil ver um líder político acertar todos os seus movimentos. Mas, nas redes sociais, Trump não erra nunca – ou, na melhor das hipóteses, foi mal interpretado pelos críticos.

No fundo, o que está em jogo não é exatamente o que o presidente americano fez ou deixou de fazer. No centro do tabuleiro está a defesa da agenda conservadora, que encontrou em Trump um grande escudeiro, especialmente no combate à cultura “woke”. Neste cenário, assim, haverá mais uma guerra de narrativas: a direita irá defender todos os movimentos da Casa Branca, enquanto a esquerda vai achincalhá-los.

Independente destas narrativas, porém, é preciso ter um pouco de distanciamento crítico e avaliar com calma as ideias que Trump coloca à mesa, como a retirada dos palestinos da faixa de Gaza. Esse insight, levantado pelo primeiro-genro Jared Kushner há alguns anos, é polêmico e aparentemente inviável. Mas a proposta foi amplamente defendida no mundo digital.

A impressão que se tem é a de que todas as declarações de Trump precisam ser defendidas pela direita, na base do “atire antes e pergunte depois”. No lado oposto, ocorre a mesma coisa, só que com o sinal invertido.

Precisamos evoluir e sair dessa polarização, que apenas atrofia o raciocínio e impede o debate. Se continuarmos a trilhar o caminho da dicotomia, vamos nos consolidar como uma sociedade intolerante e previsível. É o atalho mais rápido para a mediocridade e a estagnação.   

Compartilhe

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pesquisar

©2017-2020 Money Report. Todos os direitos reservados. Money Report preza a qualidade da informação e atesta a apuração de todo o conteúdo produzido por sua equipe.