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O que esperar de Mercadante na Petrobras?

O destino do presidente da Petrobras, Jean Prates, será oficializado nos próximos dias. Na prática, porém, está tudo decidido. Não há mais clima para Prates dentro do governo, especialmente depois de uma entrevista do ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, publicada ontem pela Folha de S. Paulo. Um alfinetada ali, uma cutucada acolá – e Silveira afirmou que, embora se dê bem com Prates do ponto de vista pessoal, não aprova a administração dele.

O ministro deixou bem claro que ele e o presidente da Petrobras não estão na mesma página. “Sempre tive debates acalorados, verdadeiros. Mas debates transparentes sobre o que eu, como governo, defendo na Petrobras; e o presidente da Petrobras, naturalmente, [defende] como presidente de uma empresa. Os papéis são diferentes. Por isso há um conflito”, declarou Silveira.

Prates tentou marcar uma conversa definitiva com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas terá de esperar: ontem, Lula esteve em Pernambuco e hoje fica no Ceará. Quando a agenda permitir, no entanto, os dois devem acertar rapidamente a troca de comando. Essa crise se dá justamente quando o maior padrinho político de Prates, o ministro Rui Costa, enfrenta uma denúncia de superfaturamento na compra de respiradores quando ele era governador da Bahia. Costa poderia se movimentar em defesa do aliado, mas o caso publicado ontem pelo UOL tirou um pouco de sua capacidade em defender os aliados dentro do governo. Pode ser que o presidente da Petrobras não vá para casa tão cedo. Mas será dificílimo se manter no cargo por muito mais tempo.

O ministro Alexandre Silveira surge como um vencedor deste duelo com Prates. Mas a emenda pode ficar pior que o soneto. Quase todos os analistas políticos apontam que o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, será indicado ao lugar de Prates. Embora Mercadante tenha uma visão muito parecida com a de Silveira, sua escolha pode trazer problemas ao ministro.

Isso deve ocorrer porque Mercadante é um nome forte no PT e tem maior força política junto a Lula que o atual titular das Minas de Energia. E possuir um subordinado mais poderoso e com um canal de comunicação aberto com a chefia nunca foi bom para qualquer ministro em toda a história da República.

Com Mercadante à frente da Petrobras, espera-se que existam dois movimentos iniciais. O primeiro será uma troca quase que total da diretoria da empresa – e, durante esse processo, serão escolhidas pessoas de confiança do petista, alinhados com a proposta de uma companhia mais estatal e menos mista.

Pode-se dizer que Prates é um presidente que ainda ensaia algumas tentativas de colocar o acionista no centro da administração da empresa. Mercadante, no entanto, será escalado para adequar a Petrobras ao ideário do PT, controlando preços de combustíveis, investindo mais (não necessariamente melhor) e tornando a companhia em mais uma ferramenta para reviver a indústria naval brasileira.

Embora o governo do PT esteja cheio de bacamartes carregados com fogo amigo, Mercadante não se envolveu muito na briga entre Silveira e Prates. Aliás, se perguntarem ao presidente do BNDES qual seria o seu emprego dos sonhos, ele não diria que é a chefia da Petrobras – e sim o lugar do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Para os agentes do mercado financeiro, que não engolem Mercadante de jeito nenhum, sua ida à Petrobras, embora amplamente criticada, seria um mal menor. Para tentar neutralizar o mal-estar, entretanto, o governo aprovou a distribuição de metade dos dividendos extras inicialmente programados para os acionistas da companhia, em um total de R$ 20 bilhões (desse total, R$ 6 bilhões vão para os cofres da União).

Será que os acionistas vão aceitar esse “cala-boca” facilmente?

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