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O que fazer quando bate a síndrome do ninho vazio?

Nesta semana, minha filha de quinze anos está viajando com a família de uma amiga (iremos encontrá-la hoje). Ficamos sete dias sem a presença dela em casa e percebemos que isso fez uma mudança gigantesca em nossas vidas. A primeira constatação é a de que o nosso cotidiano gira em torno de sua presença. Tome o meu caso: acordo cedo para despertá-la e, logo depois, a levo para escola. Vamos buscá-la na hora do almoço e sempre trocamos um telefonema ou dois para falar de algo relativo à escola. À noite, é inevitável conversar com ela sobre acontecimentos do dia – e o final de semana sempre é temperado com a vida social dela e das amigas.

Notamos, então, que pudemos fazer muitas coisas que normalmente negligenciamos nessa última semana. E aproveitamos a oportunidade para isso. Mas, ontem, estávamos matutando sobre a ausência de minha filha. E quando ela deixar a nossa casa e partir para uma vida só dela? O que iremos fazer?

É o que os americanos chamam de “empty nest syndrome” (a síndrome do ninho vazio, em português). Nos Estados Unidos, isso ocorre muito mais cedo do que nas famílias brasileiras de classe média. Geralmente os jovens entram em faculdades longe de casa – e têm de mudar obrigatoriamente de cidade, muitas vezes morando em “dorms”, quartos em alojamentos nos quais que os estudantes moram no campus.

Isso traz à juventude uma chance de amadurecer mais rapidamente. Mas, ao mesmo tempo, muitos pais sentem a revoada dos filhos em direção à vida adulta. “E agora?”, é o que muitos perguntam nessa hora.

Neste momento, muitos pais e mães devem procurar dentro de si vontades que ficaram submersas durante os anos em que havia ocupações prioritárias – o trabalho e a educação dos filhos. Quando nosso foco está tomado por duas atividades estafantes e difíceis como essas, é difícil pensar em outras coisas.

Esse período serviu para me alertar: é melhor ir planejando o que fazer quando as crianças abandonam o ninho em vez de ser pego de surpresa. E, quando a hora chegar, não se sinta paralisado. Inspire-se no que dizia Albert Einstein: “A vida é como andar de bicicleta; para se manter em equilíbrio, você precisa continuar a se movimentar”.

Naqueles momentos em que uma saudade enorme surgir, lembre-se dos momentos difíceis da adolescência, com toneladas de rebeldia e falta de polidez que somente essa fase da vida pode produzir. Você olhará ao redor e agradecerá a paz, serenidade e tranquilidade que estão ao redor. E provavelmente chegará à conclusão de que os instantes difíceis da adolescência devem ser a forma que a natureza encontra para que os pais não sintam tanta falta dos filhos quando eles vão embora de casa.

Mas não se afaste deles. A sua família continua, mesmo em casas separadas. E, nessas horas, tome a iniciativa. Não espere as crianças ligarem para visitá-lo. Os jovens são engolidos pelo dia-a-dia e são tragados com maior força pelo cotidiano do que os mais velhos. Uma dica importante: não tenha orgulho. Abra o seu coração e diga que tem saudade. Mas não seja chato e resmungão. Nenhum filho gosta de pais carentes. Opte pelo caminho do meio-termo — e seja feliz.

P.S.: entro em férias hoje e volto no dia 27. A não ser que algo muito importante aconteça neste meio-tempo.

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Comentários

Uma resposta

  1. Meu filho caçula tem 14 anos (filho temporão, todo mundo acha que é meu neto) e esta me fazendo sentir de novo o ninho vazio com sua vida social cada vez mais intensa. Com o irmão mais velho, de 23 anos, brinco nas raras vezes que o encontro, geralmente em festas familiares, dizendo: “te conheço de algum lugar, seu rosto não me é estranho”…

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