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O que os shows dos Titãs e de Taylor Swift nos ensinam

Um verso da canção “Comida”, dos Titãs, diz: “A gente não quer só comida/A gente quer comida, diversão e arte”. O o autor da letra, Arnaldo Antunes, quis dizer com isso? Que precisamos alimentar a alma do mesmo que jeito que necessitamos nutrir o corpo. O problema é que, ultimamente, apesar da enorme oferta cultural que temos diante de nós, parece não haver muitas opções que valem a pena. Assim, quando há uma grande atração na praça, ocorre um frisson generalizado. Foi o que aconteceu com a turnê “Titãs- O Reencontro”, que reuniu 150 000 pessoas em três noites, e na compra de ingressos da cantora Taylor Swift, que virá apenas em novembro ao Brasil.

Os Titãs, que começaram a carreira nos anos 1980 com oito integrantes, tinham virado um trio já há algum tempo. E, com essa formação, cumpriam uma agenda razoável de shows – mas nada que se compare aos espetáculos de agora. A oportunidade de ver novamente a formação original dentro de um contexto novo (uma produção visual caprichadíssima em grandes arenas) fez as vendas explodirem.

Com Taylor Swift, o fenômeno que se observou com a banda Coldplay se repetiu: um frenesi completo em relação às apresentações, com uma dificuldade ímpar para se adquirir ingressos no ambiente online. Eu mesmo perdi algumas horas nessa função, com dois computadores, dois Ipads e dois celulares abertos na mesma página para comprar ingressos para a minha filha de 15 anos.

Em uma das ocasiões, a fila de compradores chegou a um milhão de pessoas. Como isso é possível? Ocorre que temos no Brasil uma classe média muito forte, que deseja consumir grandes espetáculos – e se joga com avidez à medida em que grandes nomes d showbiz aparecem por aqui.

A lotação absoluta de Titãs e Coldplay, além da bilheteria esgotada antecipadamente de Taylor Swift, mostra que existe um mercado ainda pouco explorado no Brasil para grandes atrações musicais. E que o mercado cultural só fez crescer nos últimos tempos, pois congrega não apenas os jovens como adultos que também têm interesse de participar destes shows com superprodução.

Talvez aqui esteja uma grande diferença deste momento histórico das décadas anteriores. O mercado de shows sempre foi restrito aos jovens. Mas ocorre que, talvez pela primeira vez na história, pais e mães (e mesmo avôs e avós) tiveram um passado roqueiro e gostam da experiência de ver grandes bandas ao vivo. No caso dos Titãs, um grupo que empolga várias gerações, isso fica ainda mais forte.

Essas turnês também mostram que iniciativas envolvendo grandes nomes não precisam de incentivos fiscais à lá Lei Rouanet. Muitas vezes, vemos artistas consagrados ou grandes produtoras utilizando esse tipo de benefício, que deveria ser estendido apenas para ajudar aqueles que de fato precisam de ajuda para deslanchar suas carreiras. O sucesso dos Titãs, que vão se apresentar inclusive na Flórida, em Nova York e em Lisboa, mostra que é possível fazer espetáculos de sucesso sem depender de dinheiro público.

Precisamos de mais empresários no ramo artístico, gente disposta a investir e ganhar dinheiro com iniciativas nos campos da música, cinema, teatro e artes plásticas. Este tipo de atividade requer um conhecimento específico e grande sensibilidade ao analisar aquilo que o público precisa – além de comida, diversão e arte. E, como diz a canção, ajudar as pessoas a ter “prazer para aliviar a dor”.

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