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Os novos usos do aparelho de TV para os jovens

Nesta semana, entrei no quarto de minha filha adolescente para dar um aviso. Percebi que havia um moletom apoiado no aparelho de televisão. Aquilo me intrigou e, no dia seguinte, passei ali para dar outra olhada. Havia uma camiseta pousada sobre a tela. Ontem, finalmente, dei mais uma checada: um short estava no mesmo lugar. Me toquei, então, que minha filha estava usando o aparelho como se fosse um cabide. Olhei o receptor de programação a cabo. Estava com a tomada desligada.

Perguntei a ela há quanto tempo ela não ligava aquela televisão. Resposta: quase dois anos. Também a questionei se isso acontecia com as outras pessoas de sua geração. Ela respondeu que não — os meninos usam a TV para jogar videgames, pois a tela é maior.

Em compensação, ela e seus colegas estão o tempo todo em frente ao celular, ao tablet e ao computador. Houve uma migração irreversível no hábito de entretenimento dos mais jovens, criando um gap geracional. Os pais usam a TV para ver streaming enquanto os filhos fazem o mesmo em telas menores e portáteis.

Muita gente, porém, usa o aparelho de TV para outros fins. Há quem deixe a TV ligada quando sai de casa para que os bichos de estimação tenham o que ver enquanto não há nenhum ser humano por perto. Outros utilizam a imagem de um quadro e a colocam como descanso de tela, fazendo com que a tela pareça uma obra de arte. Por fim, muitos acabam transformando o aparelho em uma espécie de rádio, já que muitos fabricantes embutem estações entre as opções de conteúdo já pré-instaladas de fábrica.

Trata-se do fim de uma era que começou nos anos 1950, quando a TV virou uma espécie de babá eletrônica. Se uma criança estivesse agitada, era só ligar a televisão em um programa infantil. Esse expediente foi aperfeiçoado nos anos 1980 com os videocassetes e, na década seguinte, com a TV a cabo, que proporcionou canais voltados para a criançada 24 horas por dia.

Hoje, os bebês já são colocados diante de um celular ou de um tablet antes mesmo de saberem andar. Obviamente, eles não vão se interessar pelos aparelhos de televisão quando chegarem à adolescência.

Essas mudanças terão impacto enorme no consumo de mídia – e, naturalmente, em seus métodos de produção. A audiência da TV aberta deve continuar a cair, embora numericamente ainda concentre números poderosos. Mas, no futuro próximo, haverá uma dispersão ainda maior entre todos os veículos de comunicação. Neste novo contexto, haverá novas formas de se produzir jornalismo e ficção. Provavelmente, opções caras de produção, como vemos hoje nas grandes emissoras de TV, serão repensadas e reformatadas. Estamos diante de uma transformação enorme, que está prestes a ocorrer.

Será que nesse futuro próximo a minha geração também utilizará os aparelhos de TV como cabides?

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