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Por que Bolsonaro é contra o impeachment de Lula?

Jair Bolsonaro é visto por muitos como um político tresloucado, impetuoso e pouco racional. Segundo esses observadores da cena política, o ex-presidente não seria um estrategista e tomaria suas decisões políticas com o fígado, o que explicaria muitas atitudes intempestivas. Ontem, porém, Bolsonaro mostrou que – quando quer – não se deixa levar pelas emoções de momento e pode se comportar de forma pragmática.

Enquanto vários aliados colocavam na rua uma espécie de bloco pró-impeachment de Luiz Inácio Lula da Silva, Bolsonaro resistiu à tentação de jogar para a torcida. Gravou um vídeo dizendo que estará em manifestação contra o governo na avenida Paulista no dia 16 de março, mas ressalvou que “Fora Lula” só em 2026. Na prática, isso que dizer que o líder da oposição é contra qualquer tentativa de impeachment, assim como o pastor Silas Malafaia, coorganizador do evento de protesto.

Políticos que estavam estendendo as bandeiras do impedimento do presidente ficaram decepcionados. O deputado federal Ricardo Salles, por exemplo, disse que a ideia de tirar Lula apenas no ano que vem, através das eleições, era uma “palhaçada”. “O Brasil não aguenta mais essa turma não”, afirmou. “Chega, já deu”.

O também deputado Nikolas Ferreira chiou. “Graças ao movimento de impeachment da Dilma, o Bolsonaro ganhou ainda mais força. Não dá para cravar o futuro assim. Não estou entendendo o porquê de não deixar as pessoas manifestarem sua indignação nas ruas… o poder pelo jeito não emana do povo”, desabafou.

Afinal, qual a razão de Bolsonaro não querer o impeachment de seu maior rival político?

Qualquer político que tenha passado pelo Congresso (caso do ex-presidente) sabe que pouco importa quais as razões pelas quais se inicia um processo de impeachment. Uma ação deste calibre pode ser aberta a partir de um motivo plausível, como as provas obtidas de corrupção de Fernando Collor, ou o de consistência duvidosa, como as pedaladas fiscais de Dilma Rousseff.

O que faz um presidente perder seu mandato é a falta de apoio do Câmara. Quando isso acontece, a razão pela qual o processo é aberto pode até ser mambembe – mas será aprovada. Para que o impeachment não prospere, são necessários pelo menos 171 votos contrários, cerca de um terço dos deputados. Somente governos totalmente depauperados politicamente, como os de Collor e de Dilma, não conseguiriam reunir condições para se defender.

Lula, ao contrário destes ex-presidentes, tem tudo para matar um pedido de impedimento em seu nascedouro – ou no plenário. Os canais de diálogo com a classe política estão abertos, assim como os cofres do Tesouro. Bolsonaro sabe disso e prefere concentrar suas energias nas articulações para obter anistia através do Congresso e concorrer à presidência no ano que vem. De preferência, contra Lula – já que as últimas pesquisas apontam um desgaste enorme do petista.

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