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Por que os direitistas são mais atuantes nas redes que os esquerdistas?

Um artigo publicado ontem levanta um ponto interessante, mas questionável: segundo a articulista, a rede social, um reduto da Extrema Direita e dos algoritmos, foi responsável pelas vitórias de Donald Trump, Brexit, Jair Bolsonaro e Javier Milei. Além disso, avança pela Europa e, recentemente, atacou sem piedade Begoña Gómez, mulher do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez. Essa colunista diz que “o outro lado está dormindo no ponto”. E pergunta: “Cadê a resistência?”.

Trata-se de um raciocínio que pode fazer sentido, mas pode ser contestado rapidamente. Afinal, Trump e Bolsonaro podem ter vencido seus primeiros pleitos presidenciais, mas não conseguiram a reeleição. Isso, por si só, já mostra que os superpoderes digitais dos extremistas encontram, aqui e ali, algum tipo de kryptonita.

Mais importante que algoritmos, fake news e cancelamentos promovidos pelos militantes digitais de Direita é a rápida compreensão que esse grupo ideológico teve das mídias sociais e de como os cérebros e corações reagem a mensagens digitais.

Há dois lados na estratégia usada para conseguir seguidores online. O primeiro é o negativo. Muitos mentem, ofendem e agridem os adversários – o que é condenável e deve ser combatido. Mas é preciso tirar o chapéu para esses comunicadores do novo milênio: eles entenderam qual é a nova linguagem e que tipo de argumentos devem usar para sensibilizar os navegantes da rede, não importa a idade.

Os conservadores, de maneira geral, ficaram calados por muito tempo e fizeram da mídia social um ponto de encontro virtual. Daí para ampliar a turma foi um passo curto – e, para isso, contaram com uma disciplina fora do comum.

Mas de nada adianta ter uma boa estratégia de comunicação se o produto a ser vendido for ruim. Neste caso, trabalhou-se algo atávico ao ser humano: o desejo por mudanças, especialmente dentro de cenários que estavam provocando descontentamento entre o eleitorado.

Donald Trump percebeu que a autoestima dos americanos estava em baixa e que a ascensão da China incomodava os cidadãos de seu país. Foi assim que o mote “Make America Great Again” conquistou engajamento e o empresário chegou à presidência.

O Brexit, por consequência, foi resultado da insatisfação dos britânicos em relação à imigração e à falta de empregos (creditada, pela geração mais velha, à presença de cidadãos de outras nacionalidades que estavam tomando as poucas vagas disponíveis no país).

Bolsonaro, igualmente, captou o Zeitgeist que reinava aqui no Brasil. Houve uma conjunção especial de fatores em 2018: um desgaste das esquerdas, uma revolta contra a corrupção e o crescimento dos conservadores e evangélicos. Bolsonaro foi o primeiro político a usar a rede em seu favor, explorando um cenário que desfavoreceria o oponente, o atual ministro Fernando Haddad.

Javier Milei, por sua vez, conseguiu sensibilizar o eleitor argentino maltratado por uma inflação persistente e pelo início da decadência de um peronismo que domina a política local desde os anos 1940.

Ou seja, há outros fatores que podem explicar esses quatro fenômenos. Mas é inegável que os direitistas (extremistas ou não) conseguiram incorporar melhor a internet em sua estratégia de comunicação. Isso não quer dizer, no entanto, que os esquerdistas não vão aprender nunca a usar a rede social a seu favor. Esperem. É uma questão de tempo para isso ocorrer de forma totalmente maciça.

A dúvida é, agora, é: como os centristas vão utilizar a rede para divulgar suas ideias? Teoricamente, é o único grupo que pode atrair os dois outros lados. Mas, por enquanto, o Centro apenas tem aderido à Esquerda ou à Direita, provocando a vitória de uma linha ideológica ou de outra.

Mas quando é que o Centro conseguirá a adesão das outras correntes às suas propostas? Isso só começará a acontecer se houver uma disciplina igual à da Direita: é preciso encarar as redes sociais como uma missão. Caso contrário, o papel dos centristas será sempre o de coadjuvante. Vale a pena fazer política assim?

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Comentários

Uma resposta

  1. Mas a pergunta que fica, é: quem, do chamado “centrão” tem “musculatura” ou representatividade pra aglutinar as forças deste bloco e ainda atrair gente da esquerda e da direita? Em realidade, na minha humilde (e talvez equivocada) visão o centrão é um “saco de gatos”. O “resto”. É um grupo, em sua grande maioria, de pessoas que “navegam ao sabor das marés”. Vendem seus apoios de acordo com seus interesses. Têm força, como bloco, mas não têm um nome, um líder “de consenso”. Não consigo enxergar nem em Lira, nem em Rodrigo Pacheco, ou outro, força efetiva pra alavancar uma candidatura que faça frente ao Lulismo ou ao Bolsonarismo. Pelo menos, por enquanto.

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