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Quando não conseguimos enxergar a linha de chegada

Nesta semana, MONEY REPORT realizou um evento sobre varejo com a presença de vários empresários e executivos do setor. Uma das frases mais marcantes que escutei durante as três horas e meia de palestras e debates veio do jovem CEO da Zoox Smart Data, Rafael Albuquerque. Ele disse que um dos grandes problemas atuais é que “não conseguimos enxergar a linha de chegada”.

Esta é uma grande verdade: desde que ingressamos na era dos smartphones, sempre estamos nos surpreendendo com a rapidez com a qual a cultura digital se desenvolve — e toma caminhos inesperados. Um exemplo? Quando a internet dava os primeiros passos, o Google era apenas um buscador de informações e concorria com o Yahoo e o Alta Vista. Anos depois, vê-se que aquele buscador deu origem a uma série de ferramentas online (como o Gmail), uma empresa que domina a publicidade na internet e um site que exibe vídeos em todo o mundo (YouTube).

Imaginar o futuro simplesmente extrapolando o presente, como se fazia no século passado, não é mais possível. Paradigmas são quebrados quase diariamente e apontam a evolução de ferramentas e para várias direções.

A navegação da internet através de celulares abriu a porta para um mundo completamente diferente – e esse novo mundo é imprevisível e regido por mudanças rápidas e desconcertantes.

Vivíamos antes em uma época analógica e tudo era mais fácil de prever. O futuro, naquele momento, parecia ser uma evolução constante do presente, sem quebras de paradigmas ou saltos qualitativos. Hoje, no entanto, não há mais como imaginar como serão os mercados em poucos anos.

Não bastasse as transformações proporcionadas pelo progresso contínuo da tecnologia, o horizonte é incerto por conta da revolução que está por vir, através da implantação das ferramentas de Inteligência Artificial. O Chat GPT, que tanto encantou as pessoas nos últimos meses, é só a pontinha do iceberg.

Fui membro de uma das primeiras equipes que trabalharam com internet no Brasil. Nesse contexto, fiz uma viagem para Palo Alto ainda nos anos 1990, visitando as empresas que estavam trabalhando com o que era a última novidade tecnológica, o uso de HTML através da linha de transmissão de dados. Um grupo de universitários havia desenvolvido um software chamado Mosaic, que permitia a leitura de texto e de imagens através da internet – ao contrário dos Bulletin Board Systems (BBS), que ofereciam apenas textos e figuras rudimentares. Um desses estudantes, chamado Marc Andreesen, havia fundado a Netscape, que passou a ser sinônimo de browser naquele tempo.

Todos enxergavam o potencial da world wide web, mas ninguém poderia prever exatamente o que experimentamos nos dias de hoje. O que levou a uma mudança tão radical? A criação do iPhone, um smartphone que colocou vários aplicativos na tela e revolucionou diversas atividades (além de trazer para si funções de outros aparelhos, como a fotografia e a reprodução de músicas).

Após isso, tudo foi se transformando em um ritmo assustador. Porém, ninguém, vinte anos atrás, poderia dizer: vão inventar um celular com tela “touch” que vai trazer ferramentas para fazermos operações bancárias, paquerar, ver a previsão do tempo, fazer compras, brincar com jogos e até pedir transportes.

Estamos, agora, testemunhando a criação da inteligência artificial. Alguém pode arriscar um palpite de como a sociedade irá evoluir daqui para frente? Difícil, muito difícil. Essa impossibilidade de enxergar o futuro é angustiante demais e torna tudo bastante incerto. Não é à toa que as pessoas estejam estressadas. Mas o desconhecido pode surpreender e agradar. Está preocupado? Não deveria. Com certeza, a tecnologia vai nos levar para um mundo melhor.

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