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São 29 anos sem Ayrton Senna

Hoje, 1o. de maio, é o aniversário de 29 anos da morte de Ayrton Senna — talvez o único ídolo brasileiro de primeira grandeza a desaparecer no auge de seu talento, gerando uma consternação sem parâmetros no país. Senna era um obcecado pela vitória e fazia de tudo para obtê-la, incluindo ousadias que muitos veriam hoje como anti-esportivas.

Em 21 de maio do ano passado, quando ele completaria 61 anos, escrevi um texto sobre o tricampeão de Fórmula 1, que republico hoje:

No dia de hoje, Ayrton Senna faria 61 anos. Não fosse o acidente fatal em 1994, a história da Fórmula 1 seria diferente, assim como os recordes de estatísticas no automobilismo hoje existentes. Sua morte foi uma comoção nacional. O país ficou em choque e a cidade de São Paulo parou para acompanhar seu enterro, numa demonstração de afeto e admiração ímpares.

Senna foi um exemplo para todos nós. Alguém que buscou incansavelmente o sucesso. Estudava tudo que pudesse lhe render um centésimo a mais de velocidade em uma volta. Buscou vitórias com obstinação, dedicando sua vida à carreira no esporte e sempre se aperfeiçoando para bater os adversários. Seu estilo de pilotar casou perfeitamente com os bólidos de sua época e era o rei das pistas molhadas, quando os colegas ficavam receosos de apertar o acelerador (para os mais jovens, sugiro que procurem no YouTube a primeira volta do Grande Prêmio da Europa de 1993, realizado em Donington Park, na Inglaterra [imagem]; sob chuva, Senna largou em quarto e foi ultrapassando um a um dos oponentes, até completar a primeira volta na liderança. Uma performance absolutamente devastadora).

A obsessão de Senna em ganhar também nos abre os olhos sobre os limites da ambição. Ele não aliviava para ninguém e, muitas vezes, se envolvia em batidas. Um de seus adversários dizia que ele lhe dava a escolha de se arriscar tremendamente ou tirar o pé, pois ele não se importava em bater. Há vários acidentes em sua carreira por conta disso. Mas o mais famoso foi causado de propósito.

Foi na decisão do campeonato de 1991. Senna fez a pole position no Grande Prêmio do Japão e o presidente da FIA, Jean Marie Balestre, colocou sua posição de largada no lado sujo da pista. Em segundo lugar, no lado limpo, estava o compatriota Alain Prost. O brasileiro largou sem muita aderência nos pneus e iria cruzar primeira curva atrás de Prost. Resolveu não frear e bater no francês. Com o abandono dos dois, ele foi sagrado campeão. Você bateria de propósito em um adversário, arriscando a vida de ambos, para ganhar um título? Essa é a discussão que inflama milhares fãs do automobilismo até hoje.

Fora das pistas, Senna criou uma iniciativa social sem precedentes, o instituto que leva o seu nome. O trabalho da instituição ganhou corpo após sua morte e tornou seu legado imortal também no campo da educação, algo que empresários com fortunas enormes e disposição para o terceiro setor nunca obtiveram.

Dono de uma personalidade controversa, Senna precisa ser estudado por todos os ângulos, bons ou ruins. Seus dois lados nos entregam lições preciosas. Mas sua história de vida nos mostra que o talento deve ser acompanhado de perseverança e dedicação. Somente assim é que se vence. Sem suor e força de vontade, o talentoso não vai a lugar nenhum – no máximo, consegue ser reconhecido como um gênio incompreendido.

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