O que todos sabiam ficou explícito nas mensagens vazadas pela Folha de S. Paulo: o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, atuava como juiz, investigador e promotor em casos que envolviam a divulgação de fake news ou a atuação de personalidades ligadas ao bolsonarismo. O caso não é nada diferente da chamada Vaza-Jato, que expôs um comportamento semelhante do hoje senador Sergio Moro, quando encarregado da força-tarefa que desbaratou a corrupção na Petrobras.

O conteúdo presente na troca de mensagens é chocante, mas não surpreende ninguém. A truculência com a qual o STF se comportou em diversos episódios em que julgou bolsonaristas se reflete nas mensagens trocadas entre a equipe da suprema corte.

Com o vazamento dos diálogos, ficam duas dúvidas e uma certeza:

A primeira é a respeito das consequências jurídicas: Moraes estará sujeito ao impeachment por ter extrapolado suas funções e instigado diligências a pessoas que depois seriam acusadas pelo magistrado? Ou ele poderá e defender com aspectos técnicos que podem gerar uma discussão interminável?

A segunda: as pessoas ainda vão temer Moraes depois que os bastidores de seu teatro foram expostos? Com esse vazamento, a força política do ministro e o espírito de corpo entre os juízes do Supremo podem ter sofrido um golpe fatal.

Por fim, a certeza: daqui para a frente, mesmo que escape da degola, o poder do ministro nunca mais será o mesmo. Portanto, seus inimigos – principalmente no Legislativo – já estão se mexendo para tentar afundá-lo de vez.