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Três notícias mostram o machismo desenfreado que existe entre nós

Os jornais de ontem trouxeram três exemplos de como o nosso mundo, em pleno Século 21, ainda vive sob a égide de um machismo desenfreado. São episódios sem nenhuma ligação entre si. Mas, quando somados, demonstram o quanto as mulheres ainda têm de remar para ganhar maior representatividade em cargos de comando ou mais respeito por parte de pessoas com poder de decisão dentro de nossa República.

A primeira foi uma pérola proferida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em evento no Palácio do Planalto destinado a ministros e empresários. “Hoje, eu fiquei sabendo de uma notícia triste, eu fiquei sabendo que tem pesquisa, Haddad, que mostra que depois de jogo de futebol, aumenta a violência contra a mulher. Inacreditável. Se o cara é corinthiano, tudo bem. Mas eu não fico nervoso quando perco, eu lamento profundamente. Então, eu queria dar os parabéns às mulheres que estão aqui”, disse Lula.

Esse gracejo infeliz mostra que o machismo está vivo dentro de muitos homens, incluindo o presidente da República, cujo partido defende uma agenda de inclusão e defende os direitos da mulher. A piadinha demonstra claramente que até aqueles representantes em tese esclarecidos do sexo masculino carregam preconceitos escondidos no fundo da alma, que aparecem, de quando em quando, na forma de comentários lamentáveis.

Boa parte da claque militante do PT, no entanto, ficou quieta diante da pilhéria provinciana de Lula. Os mesmos militantes, por sinal, que ficaram indignados quando Jair Bolsonaro disse em 2017 o seguinte: “Eu tenho 5 filhos. Foram 4 homens, a quinta eu dei uma fraquejada e veio uma mulher”. As duas frases são obtusas e carregam um machismo que precisa ser combatido. Para justificar a gafe, os filhos do ex-presidente, Carlos e Eduardo, disseram que a declaração tinha sido uma brincadeira e que a frase tinha sido pinçada fora de contexto – exatamente como fazem agora alguns petistas em relação ao escorregão do presidente.

Outra manifestação explícita de misoginia foi o caso do desembargador paranaense que afirmou, em sessão realizada no dia 3 de julho, que “as mulheres estão loucas atrás dos homens”. Julgava-se na ocasião a manutenção de uma medida protetiva à jovem de 12 anos que denunciou o assédio de um professor de educação física. “Se a vossa Excelência sair na rua, hoje em dia, quem está assediando, quem está correndo atrás de homens são as mulheres, pois não tem homem. Esse mercado está bem diferente. Hoje em dia, o que existe – essa é a realidade –, as mulheres estão loucas atrás dos homens, porque são muito poucos”, disse Luís César de Paula Espíndola, do Tribunal de Justiça do Paraná.

O desembargador lamentou que o vídeo da sessão tivesse sido vazado parcialmente (um argumento usado com constância nesses casos) e pediu desculpas. Mas foi afastado de suas funções até o julgamento do processo aberto por Luís Felipe Salomão, ministro corregedor do Conselho Nacional de Justiça.

Por fim, os jornais também publicaram uma pesquisa da Deloitte que revela um número deplorável: apenas 6% dos CEOs no mundo são mulheres. Nos conselhos de administração, somente 23,3% dos cargos são ocupados por representantes do sexo feminino – mas, se tirarmos as acionistas desta equação, seguramente vai sobrar um percentual muito menor do que aquele que apareceu nas pesquisas.

Evidentemente, deve-se buscar a pessoa que tenha as maiores aptidões para o cargo de líder máximo de uma empresa, não importando qual é o gênero. Mas será que os homens seriam uma opção melhor que as mulheres em 94% dos casos? Dificilmente. A única explicação para essa situação é o machismo – explícito ou não. Hoje, em termos mundiais, há um número ligeiramente maior de homens comparado ao de mulheres. Mas nada poderia justificar um desequilíbrio tão grande.

Enquanto os homens continuarem a se comportar assim, descartando candidatas ao cargo de CEO por razões injustificáveis ou fazendo graçolas néscias, teremos muita dificuldade em conquistar uma sociedade mais justa e inclusiva. Há outros problemas que também precisam ser igualmente discutidos, como o do racismo. Mas, hoje, por conta do noticiário, ficamos apenas no combate à misoginia. Como pai de uma menina adolescente, que irá entrar no mercado de trabalho daqui a alguns anos, não posso ficar quieto diante de um mundo que abriga tantos homens preconceituosos, que desprezam a causa feminista – de forma inconsciente ou não.  

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Comentários

Uma resposta

  1. Lamentável!!! É o mínimo que se pode dizer. Esses 3 casos que vc cita, Aluizio, são apenas uma gota no oceano. Temos muuuito para caminhar. Muito para evoluir. O pior são aqueles comentários “ah, mas a mulher, quando chefe, também assedia”, “quando chefes, as mulheres humilham…” e aquela montanha de baboseiras. A verdade é que a palavra RESPEITO, em toda a sua verdadeira dimensão, ainda está longe de ser compreendida e, principalmente, praticada. Não importa o seu gênero, raça, cor, religião, cargo profissional. Enfim, já estivemos piores. Vamos evoluindo, mesmo que lentamente.

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