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Um futuro cheio de gente insatisfeita

Olhe ao redor e observe os mais jovens. Eles estão sempre insatisfeitos. Sua vida é sempre colocada à prova nas redes sociais – pois neste universo sempre há alguém com uma vida material mais sofisticada e glamurosa ou obtendo conquistas intelectuais melhores que as suas. As gerações anteriores não experimentaram esse tipo de comparação constante. Havia um único parâmetro para os simples mortais para avaliarem a própria vida em relação à dos outros: os veículos de comunicação que registravam a vida dos ricos e famosos.

No universo digital, porém, há uma infinidade de pessoas com um cotidiano melhor que o seu. E são pessoas que estão totalmente fora do radar da grande imprensa, que são conhecidas apenas entre os frequentadores do ambiente online. Evidentemente, há uma edição forte nesse reality show que é apresentado nas redes sociais. Mas, mesmo sabendo disso, muitas pessoas acabam se perguntando: por que a minha vida não é assim?

No mundo analógico, pouco víamos da vida alheia. Mas a evolução tecnológica nos trouxe a vida dos outros diante de nós, apresentada diariamente nas telas de nossos telefones.

No filme “O Silêncio dos Inocentes”, a agente do FBI, Clarice Starling (Jodie Foster), tem de convencer o canibal Hannibal Lecter (Anthony Hopkins — imagem) a ajudá-la a descobrir um assassino serial. Numa terminada cena, eles discutem o caso:

Hannibal Lecter: Qual é a principal coisa que ele faz? Que necessidades ele satisfaz ao matar?

Clarice Starling: Raiva, aceitação social, frustrações sexuais…

Hannibal Lecter: Não! Ele cobiça. E como começamos a cobiçar, Clarice? Nós procuramos coisas para cobiçar? Faça um esforço para responder…

Clarice Starling: Não. Nós apenas…

Hannibal Lecter: Não. Nós começamos a cobiçar aquilo que vemos todos os dias. Você não sente olhos alheios se movendo sobre seu corpo, Clarice? E seus olhos não se fixam nas coisas que você deseja?

O personagem de Anthony Hopkins, um psicopata inteligentíssimo, nos oferece um argumento que explica com perfeição a insatisfação das novas gerações (e parte das velhas) sobre suas existências. É muito difícil ser confrontado diariamente com exemplos que colocam seus cotidianos em um patamar nada admirável.

Bem, lembremos que esse é um mundo de aparências – e o que é registrado nas câmeras não necessariamente é a vida real. Mesmo assim, esse tipo de situação coloca os jovens em um movimento constante de comparação em relação aos ídolos cibernéticos.

Até quando isso vai acontecer?

Caso essa juventude não aprenda a sublimar essas frustrações, iremos assistir ao surgimento de um futuro repleto de insatisfeitos. Isso pode ter duas consequências: os descontentes podem buscar uma melhoria contínua para colocar suas vidas em um patamar melhor ou chafurdar em uma vida de queixumes e desapontamentos.

Que alternativa irá prevalecer? Ninguém sabe. Uma coisa, porém, é certa. O mundo que será construído pelas novas gerações será muito diferente desse que habitamos. Melhor ou pior? Somente os historiadores do futuro é que poderão fazer esse julgamento.

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