Pesquisar
PATROCINADORES
PATROCINADORES

Um mistério de 1969, ainda sem solução

O ano de 1969 é muito marcante para a televisão brasileira – e não é pelo fato de registrar a estreia do Jornal Nacional na grade de TV Globo. Foi neste ano que ocorreram vários incêndios nas emissoras, que ninguém sabe explicar com certeza. Autoridades, como o então governador de São Paulo na época, Roberto Abreu Sodré, acusaram grupos terroristas de esquerda, que jamais assumiram algum atentado. Esses mesmos grupos de esquerda, ainda por cima, acusaram facções de direita de fazer falsas denúncias. Resultado: total mistério.

Os canais de televisão já tinham passado por episódios semelhantes e também sofreriam esse problema nos anos 1970. Mas o ano de 1969 foi especial em termos de fogo. Naquele ano, tivemos incêndios nas TVs Globo, Record e Bandeirantes – sendo que a Globo ardeu três vezes.

As chamas da Record consumiram inclusive o teatro em que a transmissora realizava seus musicais e programas especiais, como “Família Trapo”. Era uma época diferente, em termos de televisão. Como a Globo domina a audiência desde os anos 1970, muitas gerações não viveram uma época em que a líder foi a Record, seguida de perto pelas extintas Tupi e Excelsior.

Nunca se descobriu o autor de tantos incêndios, mas o fato é que desde 1978, as emissoras deixaram de queimar. Abaixo, a lista de todos os grandes incêndios ocorridos nas TVs brasileiras (houve outros, além desses, de menor proporção):

+ TV Record: 1960, 1966, 1967 e 1969

+ TV Tupi: 1972 e 1978

+ TV Excelsior: 1967 e 1970

+ TV Globo: 1969 (três vezes), 1970, 1971 e 1976

+ TV Bandeirantes: 1969

+ TVS (hoje SBT): 1978

As combustões de 1969 acabaram abrindo duas oportunidades para a Globo. A primeira foi de ordem organizacional. Havia dois grandes chefes na emissora naquele momento: Walter Clark e José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o famoso Boni. Clark queria um único núcleo de dramaturgia no Rio, enquanto Boni mantinha uma divisão em São Paulo, pois achava que assim agradaria o público paulista. Com o fogo, porém, toda a dramaturgia se concentrou no Rio.

Esses incêndios também consumiram todos os equipamentos técnicos da TV, que recebeu cerca de US$ 7 milhões de seguro. Com esse dinheiro, pôde comprar máquinas de última geração – que serviriam de base para refazer a linguagem visual da emissora, com a chegada de Hans Donner, em 1975.

Moral da história: se não fossem esses incêndios, talvez a trajetória da TV Globo fosse diferente da atual.

Compartilhe

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pesquisar

©2017-2020 Money Report. Todos os direitos reservados. Money Report preza a qualidade da informação e atesta a apuração de todo o conteúdo produzido por sua equipe.