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Uma iniciativa para melhorar o Brasil: o prêmio de liderança Hitoshi Castro

Conheci Carlos Hitoshi Castro há mais de dez anos, quando ele era diretor do Banco Fator, apresentado por um amigo comum. Jovem, dinâmico e agressivo (no bom sentido), Hitoshi era um dínamo e compensava sua falta de experiência, naquele momento, com uma imensa capacidade de trabalho e um talento especial para captar clientes e formatar operações financeiras intricadas. Nos reencontramos anos depois quando ele foi trabalhar para o braço brasileiro do grupo financeiro Macquaire, da Austrália. O grupo, um dos maiores investidores em infraestrutura da América Latina, começava a olhar o Brasil com interesse e trouxe Hitoshi para compor seu time aqui. Retomamos o contato e passamos a desfrutar de uma amizade divertida. Trocávamos muitas mensagens sobre a situação do país, nas quais ele demonstrava ter opiniões cirúrgicas sobre o quadro político e mostrava ter um pragmatismo impressionante.

Infelizmente, HItoshi nos deixou há quase um ano, vítima dos efeitos que surgiram durante sua batalha contra um câncer de pâncreas. Mas seu legado de talento e sucesso vai ser constantemente celebrado a partir de uma iniciativa do Instituto Four (que fomenta lideranças jovens) e a Macquarie Foundation. Foi lançado nesta semana o “Prêmio de Liderança Hitoshi Castro”, que vai escolher anualmente dois jovens que se destacarem no universo daqueles que são treinados pelo Instituto Four como empreendedores e líderes públicos.

Hitoshi era um fanático por educação e pensava nesse tema com olhos voltados para o futuro. Lembro de uma conversa que tivemos sobre nossos filhos e a necessidade de prepará-los para a vida adulta, um desafio de todos os pais. Recordo-me especialmente de um momento no qual ele disse que sua grande dificuldade era a de ignorar o instinto de proteger os filhos e deixá-los enfrentar situações complicadas por conta própria. Mas esse tipo de atitude era imprescindível para formar adultos com caráter, fibra e capacidade.

Essas palavras ecoam em minha cabeça até hoje.

Minha geração tem essa tendência de tornar mais fácil a vida dos filhos – ao contrário do que nossos pais (ou pelo menos a maioria deles) fizeram. Isso pode ser bastante prejudicial para quem precisa encarar os obstáculos que surgem o tempo todo à frente. Aprender durante a adolescência é uma coisa. Na vida adulta, porém, o sofrimento é maior. E talvez inútil, pois é uma etapa da vida na qual é muito mais difícil mudar.

Os trainees do Instituto Four, que conta com conselheiros como os empresários Jorge Tena e Antonio Brennand, são garotos e garotas que têm foco na vida. A entidade forma e desenvolve futuros líderes que tencionam discutir e buscar soluções para os maiores problemas do Brasil. Além disso, essa garotada tem como objetivo estar no epicentro entre os tomadores de decisão do País.

O mote do Instituto Four é simples, mas direto e objetivo: reclamar não muda. Suas iniciativas, incluindo o Prêmio Hitoshi Castro, mostram que a solução só se materializa quando nos movimentamos e trabalhamos duro para resolver as questões que nos afligem.

O choro é livre, como dizem por aí. Mas só reclamar não leva a nada. É preciso romper a inércia, arregaçar as mangas e permanecer de pé quando as adversidades surgirem. Parece algo óbvio. Mas nem todos seguem essa cartilha tão básica. Hitoshi fez essa lição de casa e a somou com um talento gigantesco. E agora dá nome a uma iniciativa que deve ajudar jovens que tenham a intenção de melhorar o país.

Vamos estender as mãos a esses jovens e a tantos outros que estão empenhados, silenciosamente, em aprimorar o nosso Brasil. E celebrar o legado de Hitoshi.

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