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Uma irresistível nostalgia italiana

Em um feriado recente, fui almoçar em um restaurante em Campos do Jordão. Ao final da refeição, fomos brindados com o pocket show de um tenor fabuloso, que desfiou algumas árias e vários sucessos da música italiana. Consegui reconhecer quase todas as músicas cantadas e percebi que a plateia de maneira geral – quase todo mundo na minha faixa etária, devo reconhecer – também passou pela mesma experiência. Nos últimos dias, essa mesma sensação surgiu quando tive a oportunidade de viajar e ouvir bastante música italiana nas estações de rádio.

Por que a música da Itália é tão atraente para a minha geração e para as anteriores?

Os mais novos vão estranhar, mas os artistas italianos eram frequentadores assíduos do hit parade nacional. Meus contemporâneos e pelo menos duas gerações anteriores cresceram ouvindo vários sucessos da Itália – e esse fenômeno não aconteceu somente por aqui. Vejam (ou ouçam) o caso de “Nel Blu Dipinto di Blu” (“No Azul Pintado de Azul”), mais conhecida como “Volare” (“Voar”), de Domenico Modugno.

Esta canção ganhou o primeiro prêmio Grammy, realizado em 1958, como a música do ano. Seus competidores? Astros americanos da gema, como Frank Sinatra (com “Witchcraft”) e Peggy Lee (com “Fever”).

A sonoridade da música italiana é única. Bastam dois ou três acordes na introdução de uma canção para reconhecer que logo vai entrar alguém cantando no idioma de Dante Alighieri. Mesmo assim, não é um gênero musical que agrada a todos, pois sempre traz um romantismo exagerado (em alguns casos, beirando o desespero) e melodias que são contagiantes, com um toque popularesco.

A Itália teve um papel interessante no movimento musical chamado “Jovem Guarda” aqui no Brasil. Tudo começou com o sucesso de um americano chamado Trini López (Trinidad López III), que inspirou um clone nacional, Prini Lorez. Ele compôs “If I Had a Hammer”, que fez um certo sucesso por aqui. Mas a versão dessa música em italiano (“Datemi um Martello”), com Rita Pavone (imagem), chegou ao primeiro lugar das paradas brasileiras. Um grupo de empresários, então, resolveu trazer a cantora ao Brasil, para fazer alguns shows e ela até ganhou um namorado brasileiro, o baterista Netinho, da banda Os Incríveis.

O iê-iê-iê italiano, no entanto, é uma exceção no mar de baladas românticas, como se pode ver a seguir:

Sobre essa última música, “Champagne”, escrevi o seguinte texto em dezembro de 2022:

“Essa canção é um sucesso certo nas festas de casamento – e é programada naquele momento em que os noivos vão encher as taças de espumante para brindar com os convidados. Teoricamente, a letra deveria falar de um romance caprichado para servir de trilha sonora de um momento tão feliz. Só que… os versos falam de um amor fracassado. As duas primeiras linhas já dão o tom: “Champagne per brindare un encontro/ Con te che già eri di un altro” (Champanhe para brindar um encontro/ com você, que pertence a outro).

Mais à frente, o cantor manda ver: “Champagne per un dolce segreto/Per noi un amore proibito/Ormai resta solo un bicchiere/ Ed un ricordo da gettare via” (“Champanhe para um doce segredo/ Para nós, um amor proibido/Agora só resta um copo/ E uma memória para jogar fora”). Ao final, o arremate: “Ma io, io devo festeggiare/ La fine di un amore/ Cameriere, champagne!” (“Mas eu, eu tenho que comemorar/ O fim de um amor/ Garçom, champanhe!”).

Diante de uma letra tão triste, não se esqueça: se você for se casar, evite essa canção na hora do brinde”.

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