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Uma reflexão sobre a Páscoa — ou a importância da “passagem”

Neste domingo, ocorrem duas comemorações religiosas tradicionais – talvez as mais longevas do mundo. De um lado, temos o Pessach, celebrado pela comunidade judaica. Em hebraico, essa palavra quer dizer “passagem” e a data marca o momento em que os judeus saíram da escravidão do Egito e rumaram pelo deserto em direção à Terra Prometida. De outro, há a Páscoa. Essa festa cristã, que ocorre na mesma época, louva a crucificação, morte e ressurreição de Jesus Cristo.

De certa forma, as duas celebrações falam de uma mesma coisa: o início de uma nova vida, ou a oportunidade de recomeçar. É por essa razão que se convencionou presentear ovos aos familiares durante este período. O ovo, símbolo de fertilidade e de início de uma nova vida, passou a ser recheado com chocolate até tomar as formas atuais, que todos conhecem.

A vida de todos é feita de etapas e, portanto, de recomeços. É por esta razão que podemos aproveitar essa data para gastar alguns minutos e refletir sobre o momento em que vivemos e sobre quem desejamos ser no futuro.

De tempos em tempos, eu revejo um filme que me marcou em 1985, quando tinha 23 anos. Trata-se de “O Clube dos Cinco” (“The Breakfast Club”), uma película que trata sobre cinco jovens que fizeram alguma coisa errada na semana de aula e têm de passar o sábado na escola, como forma de punição.

São cinco personagem completamente diferentes entre si: uma patricinha, um nerd estudioso, um atleta, uma maluquinha e um delinquente. Eles ficam juntos das 7:00 às 17:00 e, neste intervalo de tempo, vão se conhecendo. Não é exatamente uma travessia tranquila: há diversas brigas e desentendimentos.

Trata-se de um filme de John Hughes, morto em 2009. Ele praticamente inventou a moda dos filmes de adolescentes dos anos 1980 (além desse, são dele também “Gatinhas e Gatões”, “A Garota do Rosa-Schocking” e “Curtindo a Vida Adoidado”), além de jogar para o estrelato vários atores até então desconhecidos, como Molly Ringwald, Mathew Brodderick e James Spader.

Hughes escrevia o roteiro da maioria de seus filmes e presenteava os amigos com seus scripts (a série ‘Esqueceram de Mim”? Escrita por ele). Ele compreendia bastante o universo dos teenagers e suas angústias – a talvez seja por isso que sua obra fez bastante sucesso.

O que isso tem a ver com as etapas da vida?

Logo no início do filme, a escola que vai receber os alunos castigados é mostrada. E aqui há um detalhe que passa despercebido pela maioria dos espectadores. Lá pelas tantas, aparece uma vitrine cheia de fotos, mostrando alunos que se destacaram no passado. Há uma foto de um rapaz com a seguinte legenda: “O homem do ano”. Alguns minutos depois, aparece o zelador da escola, que está fazendo a faxina de sábado: é exatamente a mesma pessoa. Aquele aluno de outrora, que tanto potencial mostrou, tinha virado um trabalhador quase que braçal.

Há várias discussões existenciais no filme. Em uma delas, a personagem da atriz Ally Sheedy diz: “Quando você cresce, seu coração morre”.

Ouvi essa frase pela primeira vez aos 23 anos – e estava mais próximo da adolescência passada do que da maturidade futura. Lembro de ter achado que aquilo parecia um mimimi exagerado. Mas hoje, olhando ao meu redor, vejo que há um certo sentido nessa frase.

Com o passar do tempo, vi isso acontecer com várias pessoas próximas: há aqueles que negligenciam as famílias ou as amizades; outros se afastam de seus sonhos ou se tornam pragmáticos ao extremo; temos também os que diminuem a importância dos sentimentos e experimentam uma existência puramente material.

Há uma grande vantagem em envelhecer: a vida parece ser menos complicada do que aquilo que experimentávamos durante a adolescência. Mas, se perdermos totalmente alguns elementos que estão ligados à inocência do passado, nosso ciclo aqui no planeta vai ficar chatíssimo – e o pior é que nós não iremos perceber.

Já que estamos vivendo um dia em que podemos refletir sobre as etapas da vida, aproveite a chance e pense: seu coração ainda está vivo?

Cena de “O Clube dos Cinco”
Primeiros minutos do filme, com o tema “Don’t You Forget About Me”, com a banda Simple Minds

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