Novos recordes
Nesta terça-feira (23), o Brasil registrou mais um recorde: 3.251 mortes registradas em 24 horas por covid-19.
MONEY REPORT faz contas pessimistas
Veja o tamanho do pandemia no Brasil e a lentidão da campanha
- 1 a cada 18 brasileiros já foi diagnosticado com a doença;
- 1 a cada 169 brasileiros está com covid neste momento;
- 1 a cada 714 morreu vitimado pelo novo coronavírus.
A vacinação que é
- 712 dias – se mantido o atual ritmo de vacinação, o Brasil só atingirá a marca segura inicial de 70% da população imunizada no segundo semestre de 2023. Nos primeiros 65 dias de campanha, 6,39% da população (13,5 milhões) receberam pelo menos uma dose de vacina.
- 207,7 mil – atual média diária de imunizados. É um número razoável em qualquer lugar do mundo, mas pouco diante do tamanho da pandemia.
- 6º lugar – posição global que o Brasil ocupa em população vacinada com ao menos uma dose.
- 31º lugar – por causa de sua grande população (estimados 211 milhões), o índice de imunizados com uma primeira dose no país é baixo em termos percentuais. Os países mais bem-sucedidos são Israel (100%), seguido de Emirados Árabes (74,56%), Chile (45,65%) e Reino Unidos (44,6%).
E o que poderia ser
- 64,8 milhões de pessoas – não há como duvidar da capacidade do SUS. Basta distribuir as vacinas. Entre 23 de março e 10 de julho de 2020, já durante a pandemia, o Brasil conseguiu vacinar cerca 30% de sua população contra a influenza (H1N1), principalmente idosos e crianças. A campanha durou pouco mais de 100 dias. E não se tratava de uma pandemia. Foram quase 600 mil doses por dia, 3 vezes mais que o ritmo atual.
- 40 milhões de brasileiros – se o país tivesse fechado contratos de vacinas negociados com alguma antecedência em 2020, o mesmo ritmo da vacinação da influenza poderia ser mantido, com quase 600 mil atendimentos por dia em todo o país. Assim, após 65 dias de campanha (completados ontem, 22/3), em vez de 6,4%, teriam recebido pelo menos uma dose 20% dos brasileiros.
- 120 milhões de brasileiros – se a capacidade do SUS fosse aproveitada, no final de julho, quando acabar a segunda leva de auxílio emergencial, teríamos atingido pouco mais de 57% da população. A suposta contenção da pandemia seria atingida em setembro. Algo que não vai acontecerá. Se tudo der certo, com o aumento da produção de vacinas e o fim dos atrasos (o que será difícil), a pandemia poderá ser contida no Brasil em algum momento no primeiro semestre do ano que vem.
Kit covid em doses cavalares de dinheiro público
Defendido pelo Ministério da Saúde como estratégia de combate à pandemia, o kit covid (hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina) pode causar mortes de pacientes graves, explicaram diretores de unidades de terapia intensiva (UTIs) de hospitais de referência à BBC Brasil, nesta terça-feira (23). O intensivista Ederlon Rezende, coordenador da UTI do Hospital do Servidor Público de São Paulo, destacou que entre 80% e 85% das pessoas que vão desenvolver a forma branda da doença. Para os 15% ou 20% que precisarão de internação, o kit pode matar ao retardar a procura de atendimento e ao absorver dinheiro público que poderia ir para a compra de medicamentos de intubação, afirmaram intensivistas dos hospitais das Clínicas, Albert Einstein e Emilio Ribas, de São Paulo. A procura tardia por atendimento pode causar lesões no pulmão devido ao esforço prolongado para respirar. “Em toda videoconsulta que faço, as doses [ingeridas] são cavalares e isso faz mal, já que têm efeitos colaterais severos e interferem no tratamento hospitalar indicado”, afirmou Carmen Valente Barbas, pneumologista do HC e do Einstein.
Menos 10 milhões de doses
O novo cronograma de entrega de vacinas divulgado pelo Ministério da Saúde nesta terça-feira (23) apresenta uma redução no número de doses previstas para o mês de abril. Das 57,1 milhões anunciadas na semana anterior pelo desde hoje ex-ministro Eduardo Pazuello, a previsão caiu para 47,2 milhões. O novo cronograma não inclui as vacinas da Pfizer/BioNTech e reduz a previsão das doses fabricadas pela Fiocruz. Há ainda a ausência da 6,1 milhões de doses da Covax Facility previstas para serem entregues em maio.
- AstraZeneca/Oxford (Fiocruz): 2 milhões (importadas da Índia) + 21,1 milhões (produção nacional com IFA importado);
- CoronaVac (Sinovac/Butantan): 15,7 milhões (produção nacional com IFA importado);
- Covaxin/Barat BioNTech (Precisa Medicamentos): 8 milhões;
- Sputnik V (União Química/Instituto Gamaleya): 400 mil (importadas da Rússia);
Sem intubação em São Paulo
Com mais de 90% das UTIs ocupadas no estado de São Paulo, 61 municípios sem vagas e pessoas morrendo por falta de oxigênio nas filas dos hospitais, o colapso do sistema de saúde é um realidade. Nesta segunda-feira (22), o governador João Doria (PSDB) afirmou ao site El País que há escassez de remédios essenciais para intubação (anestésticos, sedativos e relaxantes musculares). Os hospitais públicos estaduais teriam estoque para mais uma semana. Diante do problema, a resposta do governo federal foi: “O kit intubação é de responsabilidade de estados, Distrito Federal e municípios”.
AstraZeneca dará explicações
A farmacêutica AstraZeneca afirmou, nesta terça-feira (23), que divulgará até quinta-feira dados de uma primeira análise do estudo clínico de sua vacina nos Estados Unidos. O laboratório reconheceu que os números divulgados recentemente eram anteriores a 17 de fevereiro. O anúncio foi dado após especialistas americanos perceberam a desafasagem do estudo sobre a eficácia do imunizante. Em nota, a empresa afirmou que entrará “imediatamente” em contato com o Conselho de Monitoramento de Dados e Segurança dos Estados Unidos (DSMB, na sigla em inglês) para fornecer uma atualização.
Lockdown alemão na Páscoa
Com aumento de casos durante quatro semanas consecutivas, o governo alemão decretou confinamento total no país durante a Páscoa. As pessoas deverão permanecer em casa e só sair em emergências. As reuniões estão permitidas com no máximo cinco pessoas. Todas as lojas ficarão fechadas, com exceção de mercados ou mercearias, que poderão funcionar apenas no sábado, 3 de abril. Ao anunciar as medidas nesta terça (23), a chanceler Angela Merkel explicou que há um crescimento exponencial de novos casos, puxados pela variante britânica, mais contagiosa e letal.
Variante brasileira no Uruguai
O ministro da saúde uruguaio, Daniel Salinas confirmou, nessa segunda-feira (22), a presença das variantes brasileiras P1 e P2 no país. De acordo com o Grupo de Trabalho Interinstitucional (GTI), foram analisadas 175 amostras recolhidas em pontos distintos do Uruguai e concluiu-se que a cepa P1 estava presente em 24 delas, enquanto a P2 foi detectada em 4. Os casos são de transmissão comunitária, indicando suas presenças há tempos no país vizinho.
Sem ar no Brasil
O Ministério da Saúde informou que, de acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), seis estados estão em situação crítica para falta de oxigênio hospitalar: Acre, Amapá, Ceará, Mato Grosso, Rio Grande do Norte e Rondônia. Estão em estágio de atenção: Bahia, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
- A PGR discute com a Saúde como aumentar a produção de cilindros e instalar concentradores de oxigênio em locais que funcionarão como miniusinas.
- O governo cogita concentrar na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) os dados de consumo de oxigênio.
O que mais MONEY REPORT publicou
- Como cada mês a mais de isolamento social pode impactar o PIB
- Em novo recorde diário, São Paulo tem 1.021 mortes por covid-19
- Pazuello obedeceu até virar mico para o Planalto. O que fazer com ele?
- Em cerimônia reservada e fora da agenda, Queiroga toma posse como ministro da Saúde
Painel Coronavírus
Dados atualizados em 23/03/21 – 20h
Vacinados
- 458,1 milhões no mundo * (6,10% da população)
- 14,12 milhões no Brasil * (6,98% da população)
* Considerando as duas doses
Leitos de UTI
- 90% de ocupação total em 19 estados brasileiros*
* Não há uma contagem sistemática e centralizada dos leitos de UTI disponíveis nas redes pública e privada do país. O levantamento de MR é baseado nas informações veiculadas na imprensa - Desde segunda-feira (22), 18 cidades do estado de São Paulo não têm mais vagas para leitos de UTI.
Casos confirmados
• 12.130.019 – acumulado
• 82.493 – novos infectados
• 10.601.658 – recuperados
• 1.229.685 – em acompanhamento
• 5.772 – incidência por grupo de 100 mil habitantes
Mortes confirmadas
• 298.676 – óbitos acumulados
• 3.251 – novas vítimas fatais
• 2,5% – letalidade
• 142 – mortalidade por grupo de 100 mil habitantes
Fontes: Ministério da Saúde, consórcio de veículos de imprensa, Universidade Johns Hopkins (EUA) e Fiocruz