A calamidade portuguesa
O coronavírus mostra sua face mais cruel: a imprevisibilidade. Na primeira onda, Portugal foi o país europeu que melhor lidou com a pandemia, somando poucas mortes e contágios. Porém, tudo mudou. Afinal o que deu errado? Em janeiro foram 5 mil mortes – um recorde local. A população relaxou as medidas de distanciamento pela falsa sensação de segurança e as autoridades acreditaram que tudo estava bem. Deveriam ter olhado para o que ocorreu com Brasil a partir de novembro, mas preferiram acreditar que a situação estava sob controle. Só que a covid-19 é uma doença que oferece mais perguntas que respostas. Assim como Manaus, no Brasil, os pacientes portugueses estão sendo transferidos por causa do alto grau de ocupação dos leitos de UTI. No sábado (30), apenas 7 dos 850 leitos criados estavam disponíveis. Além das transferências internas, países como a Alemanha, Áustria e Espanha estão recebendo os pacientes portugueses. A revista alemã Der Spiegel afirmou que o governo alemão planeja enviar 27 médicos e paramédicos, que permanecerão em Portugal por três semanas. Junto com eles serão despachados ventiladores fixos e leitos. Vale lembrar que pessoas acima de 80 anos foram incluídas na primeira fase do plano de imunização português, que registra lentidão. Apenas 74 mil pessoas das 330 imunizadas de saída receberam a segunda dose. Uma reportagem da agência France Presse (AFP, na sigla em francês) apontou que diante da explosão de mortes, até as funerárias estão à beira do colapso.
Quando março chegar
O vice-presidente de Produção e Inovação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Marco Krieger, afirmou à CNN Brasil que a instituição deve entregar 20 milhões de doses da AstraZeneca/Oxford até o início de março para atender ao Plano Nacional de Imunização (PNI). De acordo com Krieger, essa nova remessa será produzida pela própria Fiocruz com o Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) que virá da China na primeira semana de fevereiro.
Covax na América Latina
O Consórcio Covax espera entregar 35,3 milhões de vacinas da AstraZeneca/Oxford aos países caribenhos e latino-americanos entre meados de fevereiro e o final de junho, informou o escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS). A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) afirmou que é necessário imunizar cerca de 500 milhões de pessoas na região para tentar controlar a pandemia. Bolívia, Colômbia, El Salvador e Peru receberão um total de 377.910 doses da Pfizer/BioNTech em meados de fevereiro.
Covid, Texas
A cidade de Laredo, Texas, na fronteira com o México, enfrenta sua pior fase da pandemia desde início de janeiro. O cardiologista, Ricardo Cigarroa, 62 anos, vem liderando uma luta para que as autoridades estaduais fechem o comércio da cidade. “Só fica pior”, afirmou. A reportagem do jornal americano The New York Times mostrou que a cidade tem a pior média móvel de mortes dos Estados Unidos. Com 277 mil habitantes, já registrou 630 óbitos, incluindo 126 só janeiro. Cigarroa destacou que a situação é pior nos bairros mais próximos da fronteira. “O aumento das restrições não mitigará nada sem a fiscalização necessária”, afirmou. O uso de máscaras ainda é apontado como a principal maneira de controlar a disseminação do vírus, porém com a chegada do inverno as autoridades temem mais contágios. O governador texano, o republicano Greg Abbott, não se manifestou sobre a questão.
Muçulmanos britânicos
O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, visitou um posto de vacinação em um centro comunitário em Batley, West Yorkshire, voltado para a comunidade muçulmana local. O centro vacinou mais de 13 mil pessoas com a segunda dose. Além disso, 90% das pessoas com 80 anos ou mais já receberam a primeira dose também, afirmou o gabinete do premiê. Havia receio inicial que os islâmicos mais conservadores não quisessem vacina, o que não tem ocorrido.
Israel envia doses aos territórios ocupados
O ministério da Defesa de Israel informou que o país fornecerá 5 mil vacinas aos profissionais da saúde atuantes na Cisjordânia, após uma forte pressão da Organização das Nações Unidas (ONU). A AFP informou que o porta-voz do ministério negociou com a autoridade Palestina e explicou que as doses serão retiradas das reservas israelenses. Vale destacar que a campanha de Israel é uma das mais bem sucedidas do mundo, mas o mesmo não acontece na Faixa de Gaza. Entretanto, o ministério também relatou dificuldade de diálogo com o governo palestino, que teria pedido para atrasar o envio. Vale destacar que a imunização de palestinos residentes em Jerusalém já começou. A Autoridade Palestina firmou um contrato para a aquisição da Sputnik V, o suficiente para cobrir 70% dos habitantes de Gaza e da Cisjordânia. O primeiro lote deve chegar nos próximos dias.
Turismo liberado na Islândia, mas…
A Islândia anunciou que os viajantes que apresentarem certificado de imunização poderão entrar no país, aponta a reportagem do jornal britânico The Independent. Porém, o turista deve seguir as exigências do governo local, o que implica comprovação de proficiência em islandês, dinamarquês, norueguês, sueco ou inglês. O Ministério da Saúde definiu que a documentação válida deve ser emitida pelo Espaço Econômico Europeu (EEE) ou pela Associação Europeia de Comércio Livre (EFTA, na sigla em inglês).
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Painel Coronavírus
Dados atualizados em 01/02/21 – 20h
Vacinados
- 98,9 milhões (1,30% da população global)
- 2,1 milhão (1,3% da população brasileira)
Casos confirmados
• 9.229.322 – acumulado
• 24.591 – casos novos
• 8.077.967 – casos recuperados
• 926.256 – em acompanhamento
• 4.339 – incidência por grupo de 100 mil habitantes
Óbitos confirmados
• 225.099 – óbitos acumulados
• 595 – casos novos
• 2,4% – Letalidade
• 107,0 – mortalidade por grupo de 100 mil habitantes
Fontes: Ministério da Saúde, consórcio de veículos de imprensa e Faculdade Johns Hopkins (EUA)