Brasil está para virar pária
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, afirmou nesta sexta-feira (5) que a situação no Brasil na pandemia é uma preocupação regional e global. “A adoção de medidas públicas de saúde em todo o país, de forma agressiva, seria crucial. Sem fazer nada para impactar na transmissão ou suprimir o vírus, quero enfatizar, a situação fica muito séria e estamos preocupados. As medidas públicas que o Brasil adotar precisam ser muito agressivas, enquanto distribui vacinas”. A declaração de Adhanon se deu na semana em que o país bateu recorde diário de mortes (1.910) e vários estados registram colapsos em seus sistemas de saúde. Dezenas de países não aceitam mais voos partindo do Brasil e o descumprimento e o negacionismo com as medidas de isolamento chocam a opinião pública internacional.
A foto de destaque deste Boletim foi clicada na rua 25 de Março, em São Paulo, nesta sexta-feira (5), mas poderia ter sido captada em qualquer movimentado antes da pandemia.
Cada um por si
Reportagem da Bloomberg desta sexta-feira (5) mostra que o cenário brasileiro é fruto de uma fragmentada política de saúde pública calcada em um presidente que “zomba da doença, da morte e das vacinas”. Porém, para a agência de notícias, a postura de Jair Bolsonaro não é a única merecedora de críticas. São Paulo passa por uma desorganização no combate à pandemia. Enquanto Araraquara adotou a um lockdown completo, preconizado pelo prefeito Edinho Silva (PT) e contestado por descontentes, em Bauru, que vive situação parecida, a prefeita Suéllen Rosim (Patriota) se nega a fechar a comércio. Já o prefeito Léo Capitelli (MDB), de Serrana -escolhida pelo Instituto Butantan para os estudos sobre a CoronaVac -, afirmou que a cidade registra a chegada de gente de fora em busca de vacina. O ex-prefeito de Campinas e atual chefe do grupo municipal de vacinas, Jonas Donizette (PSB), afirma que a maior cidade do interior optou por adquirir vacinas por conta própria.
O que são as vacinas nasais
Uma das possibilidades para vencer o coronavírus pode estar no emprego de antivirais e vacinas por via nasal, que por atuarem direto no sistema respiratório, poderiam bloquear o contágio – pelo menos por algum tempo – algo que as vacinas em uso não conseguem. Por enquanto, os imunizantes impedem o desenvolvimento e o agravamento da doença, mas os vacinados podem continuar contaminando outras pessoas. Israel apresentou o EXO-CD24, ainda em estudos preliminares, e Cuba tenta uma versão em gotas do antiviral interferon para aumentar a imunidade – sem resultados comprovados. “Vacinas via mucosa, como a da poliomielite, são mais fáceis de administrar em grande escala e permitiriam erradicar a doença mais facilmente, mas dificilmente chegarão ao mercado até o final da pandemia”, Rik de Swart, virologista do Centro Médico Erasmus, em Roterdã, na Holanda, ao jornal El País nesta sexta-feira (5).
O soro do Butantan
O Instituto Butantan enviou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) um pedido de autorização para estudos clínicos de um soro anticoronavírus. O objetivo é encontrar uma forma de amenizar os sintomas nos infectados. O estudo é coordenado pelos médicos Esper Kallás e José Medina, da Universidade de São Paulo (USP).
Moderna no Brasil
O Ministério da Saúde fechou um contrato para a aquisição de 13 milhões de doses de vacina Moderna nesta sexta-feira (5). As doses serão entregues ao longo de 2021.
Fila multada em Duque de Caxias
O prefeito Washington Reis (MDB), de Duque de Caxias (RJ), começou o dia provocando uma desnecessária e perigosa fila de sete quilômetros ao prometer vacinas para toda a população idosa. Só que o estoque era de 6,1 mil doses para as 86 mil pessoas com acima dos 60 anos. Diante da irresponsabilidade, a Justiça determinou que o município reorganize sua campanha de acordo com Plana Nacional de Imunização (PNI). O prefeito e o secretário municipal de Saúde, Antonio Manoel de Oliveira, devem comprovar o cumprimento de todas as medidas em 48 horas ou serão multados individualmente em R$ 50 mil por dia.
Secretários querem que a polícia passe na frente
Secretários estaduais de Segurança acionaram o Ministério da Justiça em contestação ao PNI. Eles querem que os órgãos de segurança, em especial as polícias militares, integrem os grupos prioritários da primeira fase da campanha. No planejamento do Ministério da Saúde, a população carcerária está na 17ª posição, na frente dos agentes penitenciários (18ª) e das forças de segurança e salvamento (21ª). O secretário de Goiás, Rodney Miranda, afirma que foram registradas 5 mortes entre os 23 mil detentos do estado, contra 32 entre os 20 mil servidores da segurança.
Cepa em seis estados e AstraZeneca/Oxford
A variante amazonense já estava em amostras coletadas em pacientes de seis dos oito estados analisados pela Fiocruz, em fevereiro. A prevalência da cepa: Ceará (71,1%), Paraná (70,4%), Santa Catarina (63,7%), Rio de Janeiro (62,7%), Rio Grande do Sul (62,5%), Pernambuco (50,8%), Alagoas (42,6%) e Minas Gerais (30,3%). Dados preliminares indicam que a vacina de Oxford induz resposta imune adequada contra a variante manauara.
Estagnação à la covid
A pandemia elevou os índices de pobreza e de pobreza extrema na América Latina em 2020, aponta o relatório Panorama Social da América Latina, elaborado pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). A taxa de pobreza extrema atinge 12,5% da população e a de pobreza, 33,7%. Isso significa que o total de pessoas pobres chegou a 209 milhões no fim do ano passado, 22 milhões a mais do que em 2019. O resultado é fruto da clara desaceleração que afeta a economia dos países da região.
O que mais MONEY REPORT publicou hoje
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Painel Coronavírus
Dados atualizados em 05/03/21 – 20h40
Vacinados
- 283,5 milhões no mundo * (3,80% da população)
- 9,74 milhões no Brasil * (4,61% da população)
* Considerando as duas doses, quando for o caso
Leitos de UTI
- 85% de ocupação total em 18 estados brasileiros e no DF*
* Não há uma contagem sistemática e centralizada dos leitos de UTI disponíveis nas redes pública e privada do país. O levantamento de MR é baseado nas informações veiculadas na imprensa
Casos confirmados
• 10.869.227 – acumulado
• 75.495 – casos novos
• 9.671.410 – casos recuperados
• 935.047 – em acompanhamento
• 5.172,2 – incidência por grupo de 100 mil habitantes
Óbitos confirmados
• 262.770 – óbitos acumulados
• 1.800 – óbitos novos
• 2,4% – Letalidade
• 125,0 – mortalidade por grupo de 100 mil habitantes
Fontes: Ministério da Saúde, consórcio de veículos de imprensa e Universidade Johns Hopkins (EUA) / Fiocruz