Pesquisar
PATROCINADORES
PATROCINADORES

Assuma, nação: o brega está quase chique e culto

Projeto que considera o gênero manifestação popular nacional avança na Câmara. Estilo e estética populares ganhariam o mesmo status que o samba e a bossa-nova

Durante sessão da Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados desta quarta-feira (30) foi aprovado projeto de lei que considera música brega manifestação da cultural nacional. A matéria segue para a Comissão de Constituição e Justiça em caráter conclusivo e pode dar ao gênero e suas manifestações adjacentes um status cultural jamais esperado, equiparando-o às hoje respeitáveis bossa-nova, samba, forró e capoeira. Entrar na mira acadêmica é garantir um imprevisto lugar ao sol.

Tudo começou com Vicente Celestino, aqui em “O Ébrio” (1946)

O reconhecimento permitirá a criação de políticas públicas de valorização, salvaguarda, preservação, manutenção e divulgação desse patrimônio – sem contar que fácil viraria tema de samba-enredo no carnaval carioca. Nada mau para um gênero nascido na baixa boemia do Nordeste e Norte, derivado do bolero (ganhou incorporações posteriores do twist e até do rock), mas levado ao paroxismo com as apelações, ingenuidades e melodramas repletos de traições, crimes, vinganças, desilusões e bebedeiras. Tudo embalado pelos metais e teclados precários tocado em cabarés que viraram estilo emulado em milhares de shows e álbuns. Sua influência bate forte no sertanejo, pagode, forró, axé e recebe recorrentes homenagens da MPB e do pop, além de ser recorrente no cinema e na teledramaturgia.

Após o precursor, Vicente Celestino (“O Ébrio” e “Coração Materno”), nos anos 1940, o brega se consolidou na década de 1960 com um gênero paralelo à Jovem Guarda. A partir daí despontaram no gosto popular o Cafona Waldick Soriano (“Eu Não sou Cachorro Não” e “Tortura de Amor”), o Rei do Brega Reginaldo Rossi (“Garçom” e “A Raposa e as Uvas”), o Cantor das Empregadas Odair José (“Eu Vou Tirar Você Deste Lugar” e “Uma Vida Só (Pare de Tomar a Pílula”) e o Obsceno Wando (“Fogo e Paixão” e “Moça”).

Para o o deputado federal Clodoaldo Magalhães (PV-PE), o projeto vem de uma demanda importante de segmentos regionais. “Estamos empenhados em consagrar esse movimento de grande relevância que circunda todo o gênero no estado e em outras regiões do país”, comentou. Após aprovação na CCJ, o texto será votado no plenário da Câmara e, em seguida, seguirá para o Senado.

Compartilhe

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pergunte para a

Mônica.

[monica]
Pesquisar

©2017-2020 Money Report. Todos os direitos reservados. Money Report preza a qualidade da informação e atesta a apuração de todo o conteúdo produzido por sua equipe.