Governo irá reclamar aos EUA o tratamento dado aos imigrantes
O primeiro grupo de brasileiros que foram deportados dos Estados Unidos neste ano chegaram ao aeroporto de Confins (MG), na noite do último sábado (25), após um pouso improvisado em Manaus (AM) depois que a aeronave apresentou problemas técnicos. No entanto, a viagem foi marcada por muita violência, segundo relatos.
Vitor Gustavo da Silva disse que eles foram agredidos porque estavam com calor, já que o ar-condicionado da aeronave não funcionava. Já Carlos Vinícius disse que o avião só parou em Manaus porque eles se rebelaram. Antes, eles tinham parado no Panamá. “Foi terrível, vim preso nos braços, nas pernas e na cintura, eles não respeitaram a gente. Bateram em nós. Disseram que iam deixar derrubar o avião e que o nosso governo não era de nada”, contou.
Sandra Souza, que estava acompanhada do marido e dos filhos pequenos, também relatou as dificuldades encontradas durante a viagem. “Um inferno, uma tortura desde que saímos da Louisiana. Deu para perceber que o avião tinha algum problema. Acho que foi uma falta de compromisso deles com os seres humanos, a gente estava morrendo de medo de morrer”, disse aos jornalistas ao pousar.
Ela também disse que eles foram enganados, já que foram informados apenas que iriam para uma reunião com a imigração. Por conta disso, levaram poucos pertences. Apesar de estarem ilegais, o casal disse que cumpria todas as obrigações.
O Itamaraty irá fazer uma reclamação ao governo de Donald Trump após o chanceler Mauro Vieira conversar com autoridades brasileiras e verificar a violação de direitos dada aos deportados brasileiros. Além das condições precárias da aeronave, os brasileiros chegaram algemados. O governo brasileiro disse que estuda não autorizar novos voos, caso não haja condições mínimas de segurança para retorno dos imigrantes.
Segundo o Itamaraty, a deportação não é fruto da política de Donald Trump. Ela estava prevista desde o governo de Joe Biden e é fruto de acordo firmado em 2018, durante o primeiro governo de Donald Trump e gestão do ex-presidente Michel Temer, mas deve se intensificar nos próximos anos.