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Caso isolado Nº 1, Nº 2, 3…

Nos últimos dias, o Brasil foi abalado por uma sequência de episódios de violência policial injustificada e criminosa por parte de PMS em serviço e aposentados. Os registros por celular e câmeras de vigilância reacendem o debate sobre abuso de poder, certeza de impunidade, falhas individuais de conduta e o tipo de relação criada com as parcelas mais pobres da população. Por isso, MONEY REPORT escolheu como Imagem da Semana este compilado que inclui mortes covardes e sem qualquer resistência ou sinal de ameaça.

SP: agressões, tiros e disparos contra crianças

Na capital paulista, vídeos de policiais agredindo um homem e uma mulher rendidos, no bairro Jardim Damasceno, na Zona Norte, geraram forte indignação. Já na em Cidade Tiradentes, Zona Leste, Marcos Peixoto da Silva Júnior foi baleado em uma abordagem policial e desaparecido.

Também em São Paulo, na noite de domingo (3), Gabriel Renan da Silva Soares, de 26 anos, foi alvejado por 11 disparado pelo PM Vinicius de Lima Britto, PM à paisana em frente a um mercado no bairro Jardim Prudência, na Zona Sul de São Paulo, na noite de domingo (3). Gabriel Renan havia roubado quatro pacotes de sabão em pó de um mercadinho. Na fuga desastrada, caiu na calçada e acabou fuzilado sem oferecer resistência.

Em outro caso chocante na madrugada de segunda (2), na Cidade Adhemar, Zona Sul paulistana, o PM Luan Felipe Alves Pereira jogou um homem que não oferecia resistência do alto de uma ponte. É a cena mais icônica, mas não a pior. Apesar da queda de mais de três metros, a vítima sobreviveu com ferimentos. Ele caiu em um córrego poluído e foi socorrido por sem-teto abrigados sob a ponte. O PM teve a prisão preventiva decretada na quinta (5).


Em Itanhaém, no litoral paulista, no sábado (30), o sargento PM aposentado Claudio De Fontes Alves foi filmado atirando na direção de crianças que brincavam na rua. As imagens mostram o momento em que elas gritam “liga a seta” e “acende o farol”, enquanto ele passava de carro pela rua. Alves voltou de ré, desceu do carro e disparou três vezes. Felizmente ninguém foi atingido. Sabendo que seria identificado, foi até uma delegacia na segunda-feira (2). Ele teve a arma apreendida e o caso foi registrado como ameaça e disparo de arma de fogo.


Mata-leoa

Na última segunda-feira (2), imagens registraram PMs agredindo uma mulher na Zona Sul de São Paulo. Viralizado nas redes sociais, o vídeo mostra a vítima no chão, imobilizada por pelo menos quatro agentes, enquanto testemunhas tentam ajudá-la.

Em um momento, um policial desfere chutes na cabeça da mulher, que conseguiu se levantar e reagir. Contudo, outro agente dá um soco na vítima e provoca, chamando-a para briga. Mais adiante, a mulher foi novamente imobilizada com um mata-leão, técnica formalmente proibida pela corporação desde 2020 por causar sufocamento. Outras agressões, incluindo tapas e socos desferidos por uma policial, prolongaram a violência.

A Polícia Militar afirmou, em nota, que a ação foi registrada pelas câmeras corporais dos envolvidos e que investigará o caso rigorosamente. A ocorrência foi registrada no 11º Distrito Policial como lesão corporal, desobediência, desacato e resistência.





Agredido durante abordagem

No município de Sobral, no interior do Ceará, um PM foi flagrado por câmeras de segurança agredindo um jovem de 18 anos durante uma abordagem na última quarta-feira (4). As imagens mostram o rapaz com as mãos na cabeça enquanto o PM o atinge com socos, mesmo sem resistência aparente. O jovem terminou a abordagem com o rosto ensanguentado.

A mãe da vítima, que presenciou a cena, gritou que os policiais “iriam pagar”, alegando que o filho “não estava fazendo nada”. A Polícia Militar do Ceará informou que instaurou um procedimento para apurar o caso e anunciou o afastamento do policial. A Controladoria-Geral de Disciplina dos Órgãos da Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) também abriu investigação administrativa.




A vida por R$ 7

Em Camaragibe, região metropolitana do Recife, o PM fora de serviço Venilson Cândido da Silva matou Thiago Fernandes Bezerra, mototaxista de aplicativo de 23 anos, após uma discussão sobre o pagamento de uma corrida de R$ 7. O crime ocorreu no domingo (1º) e foi registrado por câmeras de segurança. Após disparar contra Thiago, Venilson tentou fugir, trocando de camisa e embarcando em um ônibus, mas foi reconhecido e agredido por populares antes de ser detido.




Repercussão e promessas de punições

Os episódios têm provocado grande repercussão pública. Em São Paulo, o governador Tarcísio de Freitas e o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, prometeram apurações rigorosas. Freitas classificou os atos como “individuais” e incompatíveis com a farda da corporação. Mais importante, o governador afirmou que revisou seu ponto de vista sobre o uso de câmeras corporais.

O comandante-geral da PM paulista, Cássio Araújo de Freitas, descreveu o caso do arremesso da ponte como um “erro emocional infantil”, enquanto a Secretaria de Segurança garantiu que o caso do sargento aposentado será investigado. Na quarta foi revelado que o PM já esteve envolvido em uma morte, ocorrida em um confronto em Diadema. A vítima foi atingida 12 vezes. No Recife, o secretário de Defesa Social chamou o assassinato de Thiago de “crime bárbaro e sem razão”.

Apelos por mudanças

Dennis Pacheco, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, destacou que episódios de violência policial não são isolados, mas parte de uma prática histórica no Brasil. “A violência policial é instrumentalizada politicamente, aumentando a sensação de segurança para alguns, mas à custa da confiança na própria instituição”, afirmou.

O Ministério dos Direitos Humanos reforçou que os casos registrados em São Paulo e Pernambuco exemplificam o abuso de poder policial. “Apenas a divulgação por vídeos permitiu o conhecimento público das ações, o que mostra a importância do monitoramento e da responsabilização.”

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