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Freire Gomes fez o maior ato civilista do governo Bolsonaro

Ex-comandante do Exército pode ser comparado ao marechal Lott, que impediu um golpe de estado em 1955

Por Rafael Ferreira

De acordo com o trecho da delação do tenente-coronel Mauro Cid revelado esta semana, o comandante do Exército, general Freire Gomes, enfrentou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na reunião com o comando das Forças Armadas, em 24 de novembro. Ele teria dito que não compactuaria com um golpe e ainda mandou algo como: “Se o senhor for em frente com isso, serei obrigado a prendê-lo”.

Se este episódio for confirmado e provado, o maior ato civilista do governo Bolsonaro saiu de um militar. Apesar do apoio de parte das Forças Armadas, o general sabia que os comandantes das regiões militares – o pessoal que manda em quem empunha fuzis e dirige blindados – não apoiariam esta aventura. O governo dos Estados Unidos também teria se manifestado contra tal iniciativa.

É provável que a importância do general seja reduzida, mas se ele de fato fez o que consta na delação, Gomes é marechal Lott do século XXI. Em 1955, Lott garantiu a posse do presidente Juscelino Kubitschek, no que ficou conhecido como Movimento 11 de Novembro e também ou o Golpe Preventivo. O episódio rendeu os últimos disparos de canhão na Baía da Guanabara.

Vice de Getúlio Vargas, Café Filho (1954-1955) havia assumido a presidência após o suicídio do mandatário – o que encerrou a crise do Atentado da Rua Toneleros, contra Carlos Lacerda. Após o vice que assumiu ser internado por problemas de saúde, o presidente da Câmara, Carlos Luz, tomou posse e tentou articular um golpe para se manter no poder, impedindo a posse de JK, vencedor das eleições com mais de 35% dos votos válidos (não havia segundo turno). Luz estava alinhado com a UDN, capitaneada por Lacerda, e a ala conservadora dos militares, que desejavam uma candidatura única para pacificação do País. Já na reserva em 1964, Lott nada pode fazer.

Apesar das pressões para que deixasse o Ministério da Guerra (atual Ministério da Defesa), Lott resistiu e obteve junto ao Congresso uma resolução que mantinha a presidência nas mãos de Café Filho, proporcionando o “retorno aos quadros constitucionais vigentes”. Ou seja, Lott manobrou tanques e políticos para acabar com a baixaria política. O general Gomes só precisou colocar o ex-capitão e sua turma na linha. Entre eles, o comandante da Marinha, almirante Garnier, que nunca foi muito respeitado, pois antes de ser comandante da força naval jamais comandou nenhuma frota.

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