Pesquisadora da USP analisou perfis de 50 proprietários
Um dos grandes desafios da cidade de São Paulo é a habitação, principalmente as de perfil popular. Segundo a Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento (Smule), existem cerca de 881 imóveis que estão ociosos apenas na região central da capital – quase todos são grandes prédios de apartamentos. Uma pesquisa feita por Ana Gabriela Akaishi, doutora pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, descobriu que 74% dos proprietários são herdeiros rentistas e instituições religiosas.
Enquanto isso, a cidade possuem um enorme déficit habitacional, com 450 mil famílias precisando de moradia e 3 milhões de pessoas vivendo em habitações precárias, principalmente favelas.
Para descobrir estas informações, a pesquisadora analisou os perfis dos 50 donos dos imóveis com maior valor venal da região e fez entrevistas com agentes imobiliários e associações beneficentes religiosas.
A ociosidade destes imóveis acontece porque os proprietários não realizam a manutenção adequada e dificultam a sua comercialização. Disputas judiciais e brigas entre os herdeiros também impedem as vendas. Instituições católicas também possuem prédios ociosos devido a falta de conhecimento em locação de imóveis de muitos padres, identificou a pesquisadora.
O levantamento pode indicar à administração pública e incorporadoras soluções para melhorar a oferta de moradia no centro de São Paulo.