Com 60 mil atingidos, vizinhança afundou 2,35 metros desde 30 de outubro, quando as galerias da mina de sal-gema começaram a comprometer o solo da área de modo irreversível
Foi uma catástrofe longamente anunciada. Por volta das 13h15 deste domingo (10) as águas da Lagoa Mundaú começaram a invadir os subterrâneos do bairro de Mutange, em Maceió (AL), em decorrência do colapso da mina 18 da Braskem, que afundou o solo da área. Na há vítimas fatais informadas, já que houve evacuação prévia. São mais de 14 mil imóveis abandonados em cinco bairros, o que afeta cerca de 60 mil pessoas. O tamanho da cratera sob a lagoa ainda é desconhecido, mas atingiria 78 metros.
Em nota, a Defesa Civil de Maceió informou: “No momento, técnicos da Defesa Civil estão monitorando o local em busca de mais informações. A Defesa Civil ressalta que a mina e todo o seu entorno estão desocupados e não há qualquer risco para as pessoas“, informou o prefeito João Henrique Caldas (PL).
A vizinhança toda afundou 2,35 metros desde 30 de outubro, permitindo neste domingo a entrada de água da lagoa nas galerias, formadas após décadas de exploração intensiva do subsolo. Desde sábado (9), o solo da mina desativada de sal-gema da Braskem cedeu 12,5 centímetros. O sal-gema é um tipo de sal usado na indústria química.
Nesta manhã, antes do colapso, a Defesa Civil lançou um boletim informando que após a aceleração de ontem, o ritmo de afundamento havia passado de de 0,54 cm/h para 52 cm/h. A companhia operou 35 minas de sal-gema no entorno da capital alagoana. A mina 18 foi desativada em 2019, quando foi percebido o comprometimento do solo sob o bairro de Mutange.
Falhas graves no processo de mineração causaram instabilidade no solo. Ao menos três bairros da capital alagoana tiveram que ser completamente evacuados em 2020, por causa de tremores de terra que abalaram a estrutura dos imóveis.
Braskem
Em nota, a Braskem informou que, por volta das 13h45, outro “movimento atípico” foi detectado na lagoa. A empresa também ressaltou que a área está sendo monitorada. Após o afundamento registrado nesta tarde, as autoridades locais foram comunicadas, informou a empresa.
Confina a íntegra do comunicado:
“Às 13h15 deste domingo, câmeras que monitoram o entorno da cavidade 18 registraram movimento atípico de água na lagoa Mundaú, no trecho sobre esta cavidade. Toda a área, que vem sendo monitorada nos últimos dias, já estava isolada. Movimento semelhante ocorreu por volta das 13h45. O sistema de monitoramento de solo captou a movimentação por meio de DGPS instalados na região. As autoridades foram imediatamente comunicadas, e a Braskem segue colaborando com elas.”
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