A aeronave fazia a rota entre Cascavel (PR) e Guarulhos (SP) com 58 passageiros e quatro tripulantes. Não há sobreviventes
Um avião turboélice ATR-72, da Voepass, caiu na região do bairro Capela, em Vinhedo (SP), no início da tarde desta sexta-feira (9). A aeronave rumava para o aeroporto de Guarulhos (SP) após decolar de Cascavel (PR), com 58 passageiros e quatro tripulantes (voo 2283, matrícula PS-VPB).
A Prefeitura de Valinhos confirmou não haver sobreviventes. A lista de passageiros e tripulantes ainda não saiu. A companhia informou ainda que não há “confirmação de como ocorreu o acidente e nem da situação atual das pessoas que estavam a bordo”.
De acordo com a Polícia Militar, um chamado foi recebido às 13h28 e equipes foram enviadas para a rua João Edueta, próximo à rodovia Miguel Melhado de Campos (SP-324). O avião caiu sobre terrenos residenciais no condomínio Recanto Florido. Não há registro de vítimas civis no solo.
MONEY apurou que parte dos passageiros que embarcaram em Cascavel participaria da Fenacon (Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas), uma feira do setor contábil.
Em nota, a companhia disse que está prestando, pelo telefone 0800 9419712, disponível 24h, informações a todos os seus passageiros, familiares e colaboradores.
Fotos
Lista de passageiros e tripulantes no avião
Gelo é a principal suspeita da causa
A suspeita inicial sobre o que levou o avião a cair seria a formação de gelo nas asas, o que tiraria a sustentação. A aeronave é um ATR-72, turboélice produzido pela francesa Avions de Transport Régional, em Toulouse. O modelo tem um histórico de desafios em relação à aderência de gelo severo, porém é uma das aeronaves regionais mais usadas no mundo e possui um bom histórico de segurança.
Alguns aviadores, sob a condição de anonimato, afirmam que o piloto da aeronave que sofreu o acidente, inclusive, pediu ao controle de voo para descer de altitude por causa do gelo, decorrente da frente fria que chegou ao Sudeste nesta madrugada. Ainda não está claro se ele conseguiu manobrar antes de perder sustentação e despencar em parafuso chato, quando a fuselagem gira sobre o próprio eixo quase na horizontal, o que torna muito difícil qualquer retomada do controle próximo do solo.
O gelo que se formaria no céu pode ter se acumulado ou entupido os tubos de pitot, sensores da referência de velocidade e inclinação. Esse foi o principal fator contribuinte para o acidente com o Airbus A330 da Air France que caiu perto de Fernando de Noronha, em 1º de junho de 2009.
O avião
O ATR-72 é largamente utilizado em rotas comerciais regionais. No Brasil é operado pela Azul Linhas e pela Voepass.
Com capacidade para 68 pessoas, a aeronave pode voar a uma altitude máxima de 25 mil pés (cerca de 7,6 mil metros) e atinge velocidade máxima de 510 km/h.
O avião que caiu nesta sexta foi fabricado em 2010 e estava em situação regular junto à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que começou a investigar as causas do acidente.
Queda de 4 mil metros em 1 minuto
A aeronave fez uma curva brusca nos momentos finais do voo e caiu aproximadamente 4 mil metros em cerca de 1 minuto, segundo informações da plataforma de monitoramento de aeronaves Flightradar.
O avião, que pertence à companhia Passaredo, saiu de Cascavel (PR) às 11h56 e deveria pousar no Aeroporto de Guarulhos (SP) às 13h50.
Segundo a plataforma, o avião subiu até atingir 5 mil metros de altitude às 12h23, e seguiu nessa altura até as 13h21, quando começou a perder altitude.
Nesse momento, a aeronave fez uma curva brusca. Às 13h22 – um minuto depois do horário do último registro – a altitude estava em 1.250 metros, uma queda de aproximadamente 4 mil metros.
Foi o pior acidente da aviação civil no ano em todo o mundo, só superado pela queda de um transporte militar russo Ilyushin Il-76, supostamente abatido perto da fronteira com a Ucrânia, em 24 de janeiro. Morreram 65 prisioneiros ucranianos, seis tripulantes e três guardas.
Acidentes graves
Este foi o quinto pior acidente com um ATR-72. O mais grave ocorreu em 15 de janeiro de 2023, com 72 vítimas fatais, em um pouso com Yeti Airlines, em Katmandu, Nepal. Dois fizeram 68 mortos cada por causa de formação de gelo nas asas: um da American Eagle, em 31 de outubro de 1994, caiu em Roselawn, Indiana, nos Estados Unidos; o outro, da Aerocaribbean, em 4 de novembro de 2010, atingiu o solo em Guasimal, Cuba. O quarto envolveu um aparelho da Iran Aseman Airlines, que em 18 de fevereiro de 2018 fez 66 mortes a 15 quilômetros do aeroporto da Yasuj, no Iêmen, ao atingir uma montanha em um erro de navegação.
Mais de 1.100 aparelhos ATR-72 em diversão versões foram produzidos desde 1988. Desde o início das operações ocorreram 66 acidentes e incidentes, com 40 aparelhos perdidos e 531 fatalidades. Destas, 335 ocorreram nos cinco piores casos mostrados acima.
Site da Voepass
O site da companhia aérea apresentou muita instabilidade no momento do acidente. Chegou a ficar fora do ar. Agora mostra uma imagem estática com contatos para os familiares das pessoas a bordo e também para profissionais da imprensa.
A reportagem está em atualização.