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Se foi a primeira estrela negra do jornalismo

Glória Maria abriu as portas da TV brasileira às mulheres negras com seu talento e inquietude

Morreu nesta quinta-feira (2), aos supostos 73 anos, no Rio de Janeiro, a jornalista e apresentadora Glória Maria. Ícone do jornalismo brasileiro, ela atuava na rede Globo desde 1971 e foi a primeira repórter a entrar ao vivo e em cores no Jornal Nacional. Glória protagonizou momentos marcantes em suas reportagens em mais de 100 países, rendendo audiências significantes no horário nobre do entretenimento da TV brasileira. Ela também foi a primeira jornalista celebridade preta do país, o que não é pouco no Brasil.

Em 2019, foi diagnosticada com um câncer de pulmão. O tratamento com imunoterapia teve sucesso, mas uma metástase se instalou no cérebro. “Em meados do ano passado, Glória Maria começou uma nova fase do tratamento para combater novas metástases cerebrais que, infelizmente, deixou de fazer efeito nos últimos dias, e Glória morreu esta manhã, no Hospital Copa Star, na Zona Sul do Rio”, informou o comunicado da rede Globo.

Além da cor da pele, ela transpôs a barreira entre jornalismo e entretenimento, sem jamais perder a capacidade de informar com consistência, fazendo ao vivo e na rua o que apresentadores hoje suam para fazer em estúdio. Com isso, abriu portas para outros profissionais de comunicação e encorajou mulheres e negros a buscarem espaço em um meio ainda dominado por brancos.

Com pouco aparato tecnológico, coragem e improviso, cobriu a guerra das Malvinas (1982), a internação e morte de Tancredo Neves (1985), a invasão da embaixada do Japão no Peru pela guerrilha terrorista Tupac Amaru (1996), os Jogos Olímpicos de Atlanta (1996) e a Copa do Mundo na França (1998). Após 10 anos no Fantástico, tirou dois anos de licença para se dedicar a projetos pessoais, como as viagens à Índia e à Nigéria, onde trabalhou como voluntária. Nesse período, adotou as meninas Maria e Laura e, ao retornar à Globo, em 2010, pediu para integrar a equipe do Globo Repórter.

Por anos a atração principal das famílias brasileiras nas noites de sexta. Suas reportagens continham aventura, emoção e suspense embalados por um sorriso que era tão sua marca quanto o timbre de voz. Parecia aquela conhecida ou parente viajada e culta que falava de lugares distantes e conversava com personalidade mundiais como se estivesse contando que viu algo curioso ao dobrar a esquina.

Participou de entrevistas icônicas com Michael Jackson, Madonna, Mick Jagger e Freddy Mercury. Em um momento raro, Roberto Carlos cantou para ela. Em retribuição, em 2011 apresentou o show do cantor em Jerusalém. Também desceu o Grand Canyon (EUA) de bote, exibiu os castelos do Vale do Loire, Champagne e Provence, na França, e mostrou o legado destrutivo das guerras no Sudeste Asiático refletido na vida precária no Vietnã, Laos e Camboja. Na Jamaica, entrevistou o campeão mundial de atletismo Usain Bolt e participou dos rituais de uma comunidade rastafári – o que rende piadas até hoje.

“Eu sou uma pessoa movida pela curiosidade e pelo susto. Se eu parar pra pensar racionalmente, não faço nada. Tenho que perder a racionalidade pra ir, deixar a curiosidade e o medo me levarem, que aí eu faço qualquer coisa”, disse, explicando seu modo de ser.

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