Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) – As ações da Petrobras desabavam mais de 10 por cento na bolsa brasileira nesta quinta-feira, com a perda de valor de mercado alcançando cerca de 47 bilhões de reais, em meio à reação negativa de investidores após a companhia reduzir o preço do diesel em razão dos protestos dos caminhoneiros.
Às 13:25, as preferenciais da petrolífera de controle estatal caíam 14,5 por cento, a 19,90 reais; e os papéis ordinários perdiam 14 por cento, a 23,34 reais. No mesmo horário, o Ibovespa recuava 1,7 por cento.
Considerando essas cotações, a perda de valor de mercado da companhia somava 47,2 bilhões de reais, para 285,2 bilhões. Se os papéis fecharem nesse patamar, a Petrobras deixa de liderar o ranking de valor de mercado da bolsa, com a Ambev recuperando o posto, com valor de 317 bilhões de reais.
Na véspera, a Petrobras anunciou redução em 10 por cento no valor do diesel nas refinarias a partir desta quinta-feira, em uma decisão “excepcional” devido aos protestos dos caminhoneiros, que deve resultar em perda de 350 milhões de reais em receita para a companhia.
Analistas cortaram a recomendação dos papéis da companhia, citando preocupação com aumento dos riscos de ingerência política na estatal.
“Os recentes eventos trouxeram a política técnica de preços da Petrobras para o debate político e tememos que aumentem os riscos de interferência”, afirmou o analista Regis Cardosos, do Credit Suisse, que reduziu a recomendação para os ADRs (recibo de ação negociado nos EUA) da companhia para ‘neutra’, mantendo o preço-alvo em 15 dólares.
“As regras do jogo mudaram”, destacou o analista André Hachem, do Itaú BBA, que cortou a recomendação para ‘market perform” e também reduziu o preço-alvo das ações preferenciais para 27 reais ante 32 anteriormente.
“Tudo que precisa é uma pequena percepção de intervenção negativa”, afirmou o analista Bruno Montanari, do Morgan Stanley, que reduziu a recomendação do ADRs da empresa de ‘overweight’ e cortou o preço-alvo de 15 para 13 dólares.