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Ciro diz que alta nos combustíveis é “aberração” e promete reformular Petrobras se eleito

SÃO PAULO (Reuters) – O pré-candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, afirmou que a alta nos preços dos combustíveis é “uma aberração” e que, sob seu governo, a Petrobras sofreria uma reformulação.

“Isso é uma aberração que praticamente nega a razão de ser da própria existência institucional da Petrobras”, disse o presidenciável a jornalistas em São Paulo, no mesmo dia em que caminhoneiros realizam protestos em todo o país contra a alta nos preços do diesel e que a Petrobras anunciou nova alta no preço deste combustível.

Ciro citou o histórico da Petrobras, cuja criação na década de 1950 foi alvo de oposição e ocorreu em meio à campanha “O Petróleo é Nosso”.

Segundo o pré-candidato do PDT, a política de preços adotada pela petroleira hoje está equivocada e desrespeita a sua estrutura de custos.

“Ela apresenta um lucro no trimestre de quase 4 bilhões de reais para ser apropriado por acionistas minoritários a serviço de quem eles estão”, afirmou.

Desde que a Petrobras implantou em julho passado um sistema de reajustes mais frequentes de preços dos combustíveis, para refletir cotações internacionais do petróleo e do câmbio, o diesel e a gasolina tiveram aumento de quase 50 por cento nas refinarias da empresa.

Ciro disse que, caso seja eleito em outubro, a Petrobras será “reestatizada”, com contrato de gestão, estratégia que vê como aplicável para todas estatais. “Toda a eficiência da Petrobras será transferida para o interesse público brasileiro”, disse.

JUROS BANCÁRIOS

Caso eleito, Ciro prometeu tratar da questão dos juros e falou sobre a “eminência de uma crise bancária”.

Segundo ele, a taxa de juros que o mercado financeiro cobra do setor produtivo está perto de 41 por cento, o que não chega nem próximo da rentabilidade de grande parte dos negócios do país.

Questionado sobre como reduziria a taxa de juros praticada pelos bancos, o presidenciável respondeu que aumentaria a concorrência no setor bancário, especialmente por meio de bancos estatais como Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.

Segundo ele, apenas cinco bancos –Bradesco, Santander, Itaú e os dois públicos– concentram 85 por cento de todas as transações do mercado financeiro.

“O mundo se acabando e os caras enchendo a pança de ganhar dinheiro. A economia indo para o brejo e o setor financeiro tendo 14 por cento de lucro acima do lucro do ano passado”, afirmou Ciro.

“No meu governo, Caixa Econômica e Banco do Brasil começarão no primeiro dia a fazer concorrência. Mas se isso não for suficiente, haverá outras providências”, disse Ciro, sem entrar em detalhes sobre essas outras medidas.

PRIVATIZAÇÕES

Questionado durante a sabatina se privatizações estariam na pauta de seu governo, Ciro disse que “evidente que não” e ainda criticou as negociações do acordo entre a fabricante brasileira de aeronaves Embraer e a norte-americana Boeing.

“A gente deve celebrar um projeto nacional de desenvolvimento, cujas linhas gerais eu vou oferecer ao juízo crítico do nosso povo, e esse projeto nacional de desenvolvimento vai definir o papel do capital estrangeiro, contra quem nada tenho, do capital nacional e do capital estatal”, afirmou o pedetista.

Segundo ele, durante o seu governo as estatais seriam administradas a partir de contratos de gestão, uma “ferramenta moderna de administração pública em que você determina com grande transparência quais são as metas, objetivos, caminhos e práticas” que determinada empresa deve seguir, explicou.

(Reportagem de Laís Martins)

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