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Desembolsos do BNDES caem 26% no 1º tri e indicam 5º ano seguido em queda

SÃO PAULO (Reuters) – O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) manteve ritmo fraco de concessões de crédito em março, mostrando a fraca demanda de empresas para investimentos, com a economia do país saindo lentamente da maior recessão da história.

De janeiro a março, os desembolsos de recursos do banco de fomento somaram 11,15 bilhões de reais, uma queda de 26 por cento ante mesma etapa de 2017.

O movimento indica que a atividade no banco pode estar caminhando para o quinto ano seguido de declínio. Em 2017, o BNDES havia emprestado 70,75 bilhões de reais, queda anual de 20 por cento e o menor nível em uma década.

Após fraco desempenho fraco nos dois primeiros meses deste ano, o então presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, reduziu a estimativa de desembolsos em 2018 de 90 bilhões para 80 bilhões de reais, número ainda superior ao do ano passado.

Segundo o superintendente de planejamento do banco, Mauricio Neves, ainda é possível atingir a meta de 80 bilhões de reais em desembolsos neste ano.

“Nossa projeção nos leva a crer que essa ordem de grandeza de 80 bilhões para esse ano é bem factível e razoável, podendo até ser mais”, disse o executivo à Reuters.

No entanto, indicadores antecedentes do próprio banco indicam que dificilmente a dinâmica atual deve ser revertida nos próximos meses. O volume financeiro de consultas, primeira etapa do processo de tomada de crédito no BNDES, foi 36 por cento menor no primeiro trimestre. Já os enquadramentos, fase posterior, recuaram 37 por cento, também na comparação anual.

Além da economia do país se recuperar lentamente, vários setores ainda trabalham com capacidade ociosa, enquanto empresas lutam para reduzir dívidas. O segmento industrial, por exemplo, foi o que teve a maior queda no volume de recursos tomados do BNDES no trimestre, de 44 por cento.

Adicionalmente, investidores têm preferido cautela antes de tomar novos empréstimos devido ao cenário eleitoral e suas possíveis consequências para a política econômica do país nos próximos anos.

O banco também passou em 2018 a ter como referência para os desembolsos a Taxa de Longo Prazo (TLP), mais próxima de parâmetros do mercado, no lugar da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), mais subsidiada pelo governo.

Por fim, o BNDES se comprometeu a devolver ao governo federal 130 bilhões de reais, parte dos recursos que recebeu do Tesouro Nacional nos últimos anos. Desse montante, 30 bilhões de reais já foram devolvidos.

(Por Aluísio Alves, com reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier, no Rio de Janeiro)

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