Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) – A dívida pública federal do Brasil caiu 0,87 por cento em janeiro sobre dezembro, a 3,528 trilhões de reais, num mês marcado por emissão externa, vista pelo governo como bem sucedida a despeito do rebaixamento da nota de crédito do país e da não aprovação da reforma da Previdência.
O movimento foi puxado pela baixa da dívida pública mobiliária interna, que também recuou 0,87 por cento no período, a 3,405 trilhões de reais, sob a influência do resgate líquido de 55,53 bilhões de reais e da apropriação positiva de juros de 25,74 bilhões de reais, divulgou o Tesouro Nacional nesta segunda-feira.
Ao mesmo tempo, a dívida externa teve redução de 0,76 por cento em janeiro, a 122,85 bilhões de reais, na esteira da forte queda do dólar sobre o real.
No primeiro mês do ano, o dólar acumulou retração de 4,05 por cento, maior queda mensal desde julho passado, fechando abaixo de 3,20 reais com o mercado mais otimista diante da cena política local.
Outro fato ocorrido em janeiro foi a captação de 1,5 bilhão de dólares pelo governo brasileiro na reabertura do título Global 2047, na primeira emissão do ano e que se deu uma semana após o rebaixamento do país pela Standard & Poor’s.
Na semana passada, a nota de crédito brasileira também sofreu downgrade pela Fitch. As duas agências citaram a não aprovação da reforma da Previdência como grande revés para as contas públicas.
O coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Leandro Secunho, destacou que a reabertura do Global 2047 teve demanda quatro vezes superior ao volume ofertado.
Para 2018, o Plano Anual de Financiamento (PAF) estabeleceu intervalo de 3,78 trilhões a 3,98 trilhões de reais para o estoque da dívida pública total. Isso segue de pé mesmo sem a reforma da Previdência, afirmou Secunho, apontando que a não apreciação da proposta já estava contemplada no cenário do Tesouro para o ano.
Segundo ele, não houve grande impacto até o momento em termos de preços de títulos da dívida por conta do naufrágio da Previdência. [E6N1PB00G]
COMPOSIÇÃO
Em relação à composição da dívida pública, os títulos atrelados à taxa flutuante, como a Selic, encerraram janeiro em 32,43 por cento do geral, acima dos 31,51 por cento de dezembro. Para o ano, o objetivo no PAF é que esses papéis, representados pelas LFTs, respondam por 31 a 35 por cento da dívida.
Já os prefixados continuaram com maior peso na dívida, embora tenham diminuído sua representatividade a 33,80 por cento, contra 35,34 por cento em dezembro. Para 2018, a meta é de fatia de 32 a 36 por cento.
Por sua vez, os títulos indexados à inflação elevaram sua participação a 30,17 por cento em janeiro, sobre 29,55 por cento em dezembro, sendo que a referência para o ano é de 27 a 31 por cento.
Quanto à participação dos investidores estrangeiros na dívida mobiliária interna, essa parcela subiu ligeiramente para 12,41 por cento em janeiro, ante 12,12 por cento no último mês do ano passado.