Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar fechou janeiro com a maior queda mensal em seis meses, abaixo de 3,20 reais, com o mercado mais otimista diante da cena política local, mas com os agentes econômicos acreditando que será difícil cair muito mais no curto prazo por conta da reforma da Previdência.
O dólar subiu 0,01 por cento nesta quarta-feira, a 3,1803 reais, acumulando recuo de 4,05 por cento em janeiro, maior queda mensal desde julho passado (-5,87 por cento).
Na mínima do dia, a moeda norte-americana foi a 3,1464 reais e, na máxima, a 3,1938 reais.
“Como a mudança na Previdência vai contra os anseios políticos dos eventuais candidatos, dificulta o trabalho do governo em conseguir votos”, disse o diretor de operações da corretora Mirae, Pablo Spyer, para quem a reforma não deve ser aprovada e, assim, o dólar tende a subir.
A votação em primeiro turno da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados está marcada para 19 de fevereiro, mas o governo ainda não tem os 308 votos necessários para passar o texto e, por isso, seguia negociando com a base aliada.
A matéria é considerada essencial para colocar as contas públicas em ordem mas, diante da dificuldade que o presidente Michel Temer tem enfrentado para conseguir apoio político, poucos agentes econômicos acreditavam que ela será votada no curto prazo.
Para fevereiro, os investidores também vão ficar à espera da atuação do Banco Central no mercado cambial, uma vez que em março vencem 6,154 bilhões de dólares em contratos de swap cambial tradicional, equivalentes à venda futura de dólares.
“Acredito que o BC pode deixar vencer parte desse total, caso o dólar permaneça nesses níveis”, avaliou o tesoureiro de um grande banco estrangeiro.
O estoque total de swap cambial tradicional é de 23,796 bilhões de dólares. A última vez que o BC atuou no mercado foi em dezembro, rolando integralmente os swaps que venceram em janeiro.
Nesta sessão, o dólar passou por movimento técnico pela manhã e caiu mais de 1 por cento, com a formação da taxa Ptax de final de mês e, à tarde, ficou sob expectativa da decisão do Federal Reserve, banco central norte-americano, que ocorreu simultaneamente ao fechamento do mercado cambial brasileiro à vista.
O Fed não mudou a taxa de juros dos Estados Unidos, mas informou que vê a inflação subindo neste ano, alimentando as expectativas de que elevará as taxas em março, sua próxima reunião.
Após a divulgação do Fed, o dólar futuro no Brasil ampliou ligeiramente a queda, a cerca de 0,10 por cento no final da tarde.
A forte queda do dólar frente ao real em janeiro veio com o mercado apostando que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está mais distante da corrida eleitoral deste ano, após sua condenação por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro ter sido confirmada por unanimidade em segunda instância na semana passada.
O petista é visto pelos investidores financeiros menos comprometido com medidas de ajuste fiscal.