CINGAPURA/SÃO PAULO (Reuters) – A Embraer e a Boeing ainda estão em negociações uma possível aliança, mas pontos importantes ainda precisam ser definidos, disseram representantes das companhias nesta quarta-feira.
Falando no Singapore Airshow, o presidente da unidade de aviação comercial da Embraer, John Slattery, disse em uma coletiva de imprensa que a Embraer ainda não recebeu uma proposta da Boeing.
“O único motivo para isso é que as partes continuam a trabalhar na identificação de estruturas que possam funcionar”, disse ele.
Em comunicado enviado ao mercado nesta quarta-feira, a Embraer reiterou que “não recebeu proposta da Boeing” e que “não há, especificamente, nenhuma definição acerca da eventual participação da Boeing e da Embraer em qualquer segmento das operações da Embraer, quer política ou econômica”.
A Reuters informou na sexta-feira que a Boeing estava agora buscando aprovação em Brasília para um plano para criar uma nova empresa englobando as operações de jatos executivos e comerciais da Embraer, incluindo os E-Jets de 70 a 130 lugares.
Duas pessoas familiarizadas com as discussões disseram que as partes estão se movendo em direção a uma estrutura que concede à Boeing controle operacional e uma participação de 90 por cento na nova empresa, que excluiria a área de defesa da Embraer, mas inclui jatos comerciais.
Mas as empresas precisam avançar na valoração do negócio e na forma como os custos, por exemplo, seriam alocados quando os negócios de aviação civil da Embraer seriam cindidos, disse uma das fontes.
PREÇO
A Boeing ressaltou que as principais questões para a formação da parceria ainda estão sendo negociadas, e enfatizou que o preço deve fazer sentido para todos os interessados.
“Nossas conversas continuam avançando de forma produtiva, mas há questões-chave que permanecem”, disse Phil Musser, vice-presidente sênior de comunicações da Boeing, à Reuters.
“Conforme observado durante a conferência sobre os resultados, esta é uma combinação vencedora, mas não é uma ‘necessidade’ para a Boeing. Os termos finais e o preço devem gerar o melhor valor para os nossos clientes, investidores e países para fornecer uma ótima plataforma para sucesso”, disse ele em uma entrevista no Singapore Airshow.
O acordo proposto pela Boeing com a Embraer, a terceira maior fabricante de aeronaves do mundo, criaria uma concorrência maior para o programa CSeries da canadense Bombardier, apoiado financeiramente pela rival europeia Airbus no ano passado.
A Boeing e a Embraer negaram qualquer ligação entre as negociações e a decisão da Airbus de comprar o programa em dificuldades da Bombardier, embora várias fontes tenham afirmado que foco das negociações ficou mais claro.
O governo brasileiro, que tem poder de veto sobre os programas militares e tentativas de aquisição da antiga estatal, tem pressionado abertamente uma parceria entre as duas empresas voltadas mais estreitamente para a aviação comercial, em vez de uma aquisição definitiva, devido a preocupações com a independência dos programas de defesa brasileiro.
(Por Tim Hepher e Brad Haynes)