Por Alexandra Alper e Carolina Mandl
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) – As gigantes de private equity Warburg Pincus e EIG Global Energy estão na disputa por dois conjuntos de campos maduros de petróleo em águas rasas colocados à venda pela Petrobras, disseram cinco fontes à Reuters, enquanto tentam conquistar presença no maior produtor de petróleo da América Latina.
Duas pessoas familiarizadas com o processo disseram que os campos à venda, localizados nos polos de Enchova e Pampo, na Bacia de Campos, devem atrair propostas de cerca de 1 bilhão de dólares, contribuindo com o plano bilionário de desinvestimentos da Petrobras.
A EIG Global Energy Partners se uniu à petroleira brasileira Ouro Preto para disputar os polos Enchova e Pampo, em um acordo em que a firma de private equity deverá prover capital para o investimento, de acordo com duas fontes. Não estava claro como a oferta seria estruturada.
Enquanto isso, o Goldman Sachs também fará o financiamento para a aquisição, disseram as fontes.
A Trident Energy, uma empresa do portfólio de investimentos da Warburg Pincus especializada em ativos maduros de petróleo, também fez uma oferta por ambos os polos, disseram duas fontes. Em 2016, a Warburg Pincus investiu 500 milhões de dólares na Trident.
Uma vitória de qualquer grupo representaria a estreia tanto da EIG quanto da Trident no negócio de produção de petróleo no Brasil.
O gestor de ativos alternativo Carlyle também estudou participar da licitação, mas optou por não fazer uma proposta.
Não está claro se a Petrobras recebeu outras ofertas além das de Ouro Preto e Trident para esses polos.
Nos últimos meses, as principais petroleiras do mundo investiram bilhões de dólares para arrematar blocos de petróleo em águas profundas brasileiras, diante de um declínio de reservas globais e do potencial do pré-sal no país.
Pequenas empresas especializadas em campos maduros de petróleo muitas vezes são melhores do que as gigantes do petróleo para cortar custos na extração e, algumas delas, aperfeiçoaram sua expertise em extrair mais produto deles.
“Eu acho que é normal os private equities se interessarem”, disse Edmar Almeida, pesquisador de economia e energia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), observando que as áreas ainda têm uma produção relativamente forte e podem ver suas taxas de recuperação melhoradas.
“A novidade é que estes fundos estavam pouco entusiasmados com o Brasil, depois do problema com a OGX, Petra e HRT”, disse ele, citando a derrocada da OGX, do empresário Eike Batista, que assustou investidores em petroleiras menores no Brasil, depois de abalar a confiança dos mercados com promessas não concretizadas. “A volta seria uma boa novidade.”
A venda dos polos de campo maduros, localizados no Estado do Rio de Janeiro, também faria sentido financeiro para a Petrobras, a companhia petrolífera mais endividada do mundo, que busca levantar 21 bilhões de dólares com a venda de ativos no biênio 2017-2018.
No entanto, sindicatos de petroleiros da Petrobras têm se posicionado contra às vendas de campos da empresa e algumas tentativas feitas pela gestão da empresa chegaram a encontrar resistência dos tribunais.
Segundo a Petrobras, o polo Enchova, que inclui os campos Marimba, Enchova, Bonito, Enchova Oeste Bicudo e Pirauna, tem 32 poços produzindo 25.100 barris de óleo equivalente por dia.
Já o polo de Pampo, que engloba os campos de Badejo, Pampo, Linguado e Trilha, tem 27 poços produzindo 13.500 barris de óleo equivalente por dia. A Petrobras está vendendo os direitos dos campos até 2025. Tanto a Enchova quanto a Pampo começaram a produzir nos anos 80.
Trident, EIG e Carlyle não responderam imediatamente a um pedido de comentários. Petrobras, Ouro Preto e Goldman Sachs se recusaram a comentar o assunto.