(Reuters) – O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, anunciou nesta segunda-feira que não será candidato nas eleições de 2018, ressaltando que deve seguir à frente da pasta até o fim do ano.
Mas ele ponderou que a decisão não significa “fechar as portas” para a política, ainda que tenha demonstrado alguma insatisfação com a conjuntura atual.
“Há um cansaço com a política. Você não tem uma agenda própria. Não consigo fazer o que eu quero, tem de fazer aquilo que está na agenda pública… É chegada a hora de voltar para casa”, disse Maggi, durante entrevista coletiva na Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), em Cuiabá (MT).
“Não é uma decisão de agora. Minha posição é definitiva e não desejo voltar atrás”, acrescentou o senador licenciado pelo Partido Progressista (PP), que citou questões pessoais e frisou que não tomou a decisão de forma “intempestiva”.
A declaração de Maggi, empresário de sucesso do agronegócio, ocorre após um 2017 em que foi acusado de envolvimento com corrupção e desvio de recursos públicos nos dois mandatos em que esteve à frente do governo de Mato Grosso (2003-2010).
Em agosto, o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), chegou a abrir inquérito contra o ministro.
Apesar disso, Maggi disse não temer a perda de foro privilegiado ao não disputar as eleições e que, se fosse esse o caso, entraria no pleito.
ATÉ DEZEMBRO
Aos 61 anos de idade, Maggi salientou que permanece no PP e que pretende seguir à frente do Ministério da Agricultura até 31 de dezembro, quando se encerra o governo do presidente Michel Temer.
Mesmo assim, ele comentou que deixou seu cargo à disposição do emedebista, pois “pode haver uma reforma ministerial” –outros titulares do governo podem deixar a Esplanada em abril para concorrer às eleições de 2018.
Maggi, cuja família é proprietária da gigante do agronegócio Amaggi, destacou que não está deixando a política, mas que nas eleições deste ano não participará nem apoiando outros candidatos por interpretar que isso não é “justo”.
“Não estou fechando as portas para a vida inteira”, afirmou.
À frente do Ministério da Agricultura desde maio de 2016, Maggi enfrentou episódios delicados como titular da pasta, como a Operação Carne Fraca e os embargos à carne brasileira por Estados Unidos e Rússia.
Foi também no mandato dele que o Brasil colheu uma safra recorde de grãos, no ano passado.
(Por José Roberto Gomes, em São Paulo)