BRASÍLIA (Reuters) – A força-tarefa da operação Lava Jato em São Paulo denunciou nesta sexta-feira o ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, e outras 32 pessoas de terem formado um cartel com várias construtoras, com o aval de agentes públicos, para eliminar concorrência em obras do trecho sul do Rodoanel e em sete grandes obras do Programa de Desenvolvimento do Sistema Viário Metropolitano do Estado.
Apontado em investigações como suposto operador do PSDB, Paulo Preto chegou a ser preso este ano em uma das fases da Lava Jato, mas foi solto posteriormente por ordem judicial do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes.
O cartel havia sido revelado por oito executivos da Odebrecht, uma das integrantes do esquema, por meio de acordos de leniência firmados com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), em 2017, tornando-se um dos principais elementos que embasaram a acusação do MPF.
Segundo a denúncia, o esquema se estruturou em seis fases distintas e começou a ser organizado em 2004 com a cessão de material sigiloso da Dersa à Andrade Gutierrez, seguida de uma reunião entre as “cinco líderes” (Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, OAS, Odebrecht e Queiroz Galvão) no antigo canteiro de obras da Camargo Corrêa onde hoje se encontra o Parque do Povo, na capital paulista.
A peça narra, com base em depoimento de um colaborador premiado, que Paulo Vieira deixou claro que, se as empresas “não tivessem boa vontade na renegociação dos contratos, ele não teria boa vontade com as empresas no novo pacote de obras”. Foi assim que foi fechado o acordo para a redução dos valores dos lotes no edital de concessão do trecho sul do Rodoanel, segundo o MPF.
(Por Ricardo Brito)